O Banco Central Europeu (BCE) manteve suas diretrizes monetárias cautelosas nesta quinta-feira (7), apesar da desaceleração dos preços, pois a presidente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que ainda não há “confiança suficiente” em alcançar suas metas de inflação.

A taxa de juros de referência permanece em 4,0%, seu nível mais alto desde o lançamento da moeda única em 1999, como tem sido desde outubro, informou a instituição após uma reunião de sua Assembleia de Governadores.

Embora a intenção de reduzir o valor dos empréstimos em 2024 pareça ter consenso na instituição, a questão é saber quando e em que ritmo isso será feito.

Os dados de preços se movem na direção certa: o BCE revisou para baixo sua previsão de inflação para 2024 na zona do euro para 2,3%, de 2,7% em sua projeção anterior, devido ao menor impacto dos preços de energia. E até 2025, espera-se que atinja sua meta de 2%.

“Estamos fazendo um bom progresso em direção à nossa meta de inflação”, mas “não estamos suficientemente confiantes” em atingi-la a tempo, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde. “Saberemos muito mais em junho”, acrescentou ela.

Lagarde afirmou que o conselho de governadores não analisou uma redução dos juros, mas “só” começou a falar em “reduzir sua política restritiva”.

A inflação, que alcançou o recorde de 10,6% entre outubro de 2022 e o fim de 2023, está se moderando.

Os aumentos de preços desaceleraram para 2,6% em fevereiro, mas em um ritmo menos acentuado do que o previsto.

– Redução dos riscos –

A inflação subjacente, que exclui os preços voláteis de energia e alimentos, desacelerou em fevereiro para 3,1%, abaixo dos 3,3% registrados em janeiro.

O BCE não quer mudar sua estratégia e arriscar sua campanha de austeridade monetária sem precedentes, implementada desde julho de 2022 para controlar a alta dos preços devido à guerra russa na Ucrânia, não dê frutos.

Ao elevar as taxas de juros a um ritmo sem precedentes, a demanda por crédito caiu e afetou o consumo e o investimento das empresas e das famílias.

Como resultado, a economia da zona do euro ficou estagnada por quase um ano e meio.

Os economistas consideram que a instituição está errando por excesso de cautela e colocando em risco a recuperação da atividade.

Em novas projeções macroeconômicas divulgadas nesta quinta-feira, o BCE revisou para baixo sua previsão de crescimento do PIB da zona do euro em 2024 para 0,6%, em comparação com a perspectiva de 0,8% em dezembro.

Mas “a economia da zona do euro como um todo evitou a recessão”, enfatiza Mark Wall, economista do Deutsche Bank.

O BCE mantém sua previsão de crescimento para o próximo ano em 1,5% e a elevou ligeiramente para 2026, a 1,6% (contra 1,5% anteriormente).

As preocupações giram principalmente em torno da inflação de serviços e das “pressões internas sobre os preços”, que “permanecem fortes, em parte devido ao forte crescimento dos salários”, disse o BCE na quinta-feira.

Após três anos em que os preços subiram muito mais rápido do que os salários, a situação está se equilibrando como resultado de negociações sociais em empresas e ramos profissionais.

Essas demandas são particularmente importantes na Alemanha, onde uma nova greve paralisou o transporte ferroviário e aéreo na quinta-feira.

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