A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta terça-feira, 24, que a política monetária na zona do euro está em um “ponto de inflexão”, à medida que a instituição se prepara para abandonar a era de juros negativos, como forma de combater a inflação.

Em entrevista à Bloomberg TV, em Davos, na Suíça, a dirigente ressaltou que o bloco da moeda comum está em uma posição “vastamente diferente” dos Estados Unidos e que, portanto, o BCE não está atrasado no cronograma de contenção da escalada inflacionária.

“Acho que há valor em sermos estáveis e previsíveis. Dissemos desde o começo, no forward guidance, que encerraríamos as compras de ativos (…) e, depois, olharíamos para os juros”, comentou ela, que participa do Fórum Econômico Mundial.

Nesta segunda-feira, em uma publicação no blog do BC europeu, Lagarde sinalizou uma possível primeira alta das taxas básicas em julho e a saída da taxa de depósito (atualmente em -0,5%) do território negativo no final do terceiro trimestre. Segundo ela, o objetivo do texto era explicar a “jornada e a direção de viagem” da política monetária no curto prazo.

Durante a entrevista, Lagarde reforçou ainda que o BCE não está em “modo pânico” e não tem pressa para apertar os juros. Na visão dela, a zona do euro não está a caminho de entrar em recessão, mas uma interrupção do fornecimento de gás da Rússia poderia ter impacto significativo.

Lagarde defendeu que o processo de aperto ocorra de maneira “gradual” enquanto as expectativas de inflação estiverem ancoradas. “Se estivéssemos numa situação de desancoragem ou um salto na demanda, isso seria uma história diferente”, destacou, negando que esse seja o caso no momento.

A banqueira central acrescentou que monitora o comportamento da taxa de câmbio. De acordo com ela, o BCE está em fase de exploração de uma moeda central de banco central (CBDC, na sigla em inglês).