O Banco Central Europeu (BCE) poderá começar a discutir a possibilidade de elevar juros de curto prazo a partir do outono europeu de 2019, segundo Vitas Vasiliauskas, que integra o comitê de política monetária da instituição, ecoando a cautela demonstrada pelo presidente do BCE, Mario Draghi, nas últimas semanas.

A abordagem paciente do BCE ocorre num momento em que a economia da zona do euro enfrenta uma desaceleração e outros riscos, como a recente alta dos preços do petróleo e crescentes tensões comerciais.

“Acho que partindo da perspectiva atual, talvez possamos pensar na possibilidade de discutir novos passos no outono (do próximo ano), mas como eu disse, discutir”, afirmou Vasiliauskas, que também é presidente do BC da Lituânia.

O comentário de Vasiliauskas sugere que o BCE poderá esperar até o fim do ano que vem para começar a efetivamente aumentar taxas de juros.

Após sua última reunião de política monetária, no dia 14, o BCE revelou planos de retirar gradualmente seu gigantesco plano de compras de ativos, conhecido como QE, e disse não ter expectativas de elevar juros “até o fim do verão de 2019”. A taxa de depósitos do BCE está em -0,4% há mais de dois anos. Numa coletiva de imprensa que se seguiu à reunião, Draghi não confirmou se a diretriz significa que existe a hipótese de o BCE elevar juros no encontro previsto para setembro do próximo ano.

Em entrevista ao The Wall Street Journal, Vasiliauskas foi mais específico, ao sugerir que não deverá ocorrer ajuste de juros em setembro de 2019. “Nesta parte do mundo, verão significa até o fim de setembro”, disse, indicando que um aumento de juros – que seria o primeiro do BCE desde 2011 – ainda está muito distante.

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Embora dirigentes do BCE estejam otimistas em relação ao crescimento da zona do euro, que deverá se manter em ritmo mais forte do que economistas consideram sustentável no longo prazo, Vasiliauskas alertou sobre “riscos de baixa”. Conflitos comerciais são “um dos riscos que podem tornar o atual saldo de riscos negativo”, afirmou ele.

Vasiliauskas também indicou que o BCE não deverá estender o QE – estimado em 2,5 trilhões de euros – além de dezembro. No dia 14, o BCE declarou pretender fazer compras mensais de ativos de 30 bilhões de euros até setembro, antes de reduzi-las a 15 bilhões de euros entre outubro e dezembro.

Ao ser perguntado se o BCE tem a capacidade de estender o QE, se necessário, Vasiliauskas respondeu que analistas têm mantido foco excessivo no programa de compras. Segundo ele, o BCE poderá recorrer a outros instrumentos de política para combater eventuais choques econômicos, como empréstimos de longo prazo, conhecidos como TLTROs.

Vasiliauskas comentou ainda que o BCE espera ver a inflação subjacente da zona do euro – que desconsidera os voláteis preços de alimentos e de energia – ganhar força no médio prazo. Fonte: Dow Jones Newswires.


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