Economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane disse que não observa uma espiral de preços e salários ocorrendo neste momento na zona do euro. A expressão descreve um cenário em que inflação e salários crescem se retroalimentando, mutuamente provocando o aumento do outro. Em vez disso, Lane acredita que o movimento atual é de uma “espiral reversa”: um “grande ajuste” nos salários em resposta à inflação neste ano, seguido por um aumento menor no próximo ano e mais outro em 2025. Os comentários foram feitos em um podcast do BCE gravado no último dia 20 e publicado nesta sexta-feira (23).

A projeção do banco central é de que os salários subam cerca de 5,5% em 2023, segundo ele. O economista disse que a pressão sobre salários deverá ser menos intensa em 2024, por causa de uma inflação menor. O crescimento nos salários deverá ser na casa dos 4% e, em 2025, na casa dos 3%, de acordo com Lane.

O economista comentou ainda que o BCE tem um alto grau de confiança de que a inflação cairá em direção à meta de 2%, mas que haverá uma fase – como a atual – em que esse retorno “será mais lento, por causa da inevitabilidade de os salários precisarem de um tempo para alcançar” o movimento dos preços. “É uma fase de ajuste. Não é uma espiral”, afirmou.

Comentando a decisão da semana passada, Lane disse que o BCE não espera que o aumento de 25 pontos-base nos juros tenha um efeito dramático imediato na inflação, e que continuará monitorando o desenvolvimento da inflação e a forma que a política monetária está afetando a economia. “Vamos continuar esse processo de passo a passo em julho e em setembro, decidindo a cada vez se é sensato continuar aumentando as taxas de juros ou se, em determinado ponto, é sensato dizer que já fizemos bastante e ver se já é suficiente”, falou.