O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos afirmou nesta segunda-feira, 29, acreditar que o processo de desinflação pode continuar a ocorrer na zona do euro. Durante evento do Citi em Madri, Espanha, a autoridade não falou sobre um mês potencial para corte nos juros, mas considerou o quadro recente na inflação como “uma boa notícia”, pois ela “tem caído muito”. Por outro lado, qualificou o crescimento na região como “praticamente estagnado”, além de recordar previsão do BCE de que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro deve crescer menos de 1% neste ano.

Guindos mencionou riscos no cenário, como o quadro geopolítico no Oriente Médio, mas também disse que há “riscos de baixa” para a trajetória dos preços na região. Além disso, destacou que o banco central tem especial interesse neste momento na trajetória dos salários, embora também tenha repetido que o BCE avalia o quadro em geral dos indicadores, além de esperar suas próprias projeções, como as que devem sair em março.

O vice do BCE disse que, no quadro internacional, a desaceleração da China afeta a Alemanha de forma “muito intensa”, mas na sua avaliação não há o temor de que o quadro no país asiático provoque contágio no setor financeiro. Em outro momento, ele considerou que há “incerteza elevadíssima nesse momento” no quadro econômico.

Guindos disse que o BCE monitora a evolução dos indicadores, da inflação subjacente e também a intensidade da transmissão da política monetária. Em sua opinião, os mercados de dívida pública da região apresentam “comportamento muito bom”, com “estabilidade”. O dirigente comentou também que há altas valorizações, em especial no mercado de bônus corporativos, e no de renda variável. “Qualquer notícia negativa pode levar a um ajuste”, advertiu, dizendo que desejava “passar uma mensagem de prudência a respeito disso”.

Ainda para o vice do BCE, a rentabilidade dos bancos tem sido “muito positiva” na zona do euro. Ele disse que haverá uma deterioração na qualidade dos ativos, o que já acontece, enquanto as margens dos bancos vêm se estabilizando. O dirigente destacou o fato de que o setor bancário europeu “está muito mais saneado que há 12 ou 13 anos”.

Guindos afirmou ainda que o foco nos mercados deve agora passar da inflação ao crescimento econômico. Segundo ele, ao menos por enquanto tem se materializado o “pouso suave” na região.