BCE acelera retirada de estímulos mesmo com aumento de incerteza por guerra na Ucrânia

BCE acelera retirada de estímulos mesmo com aumento de incerteza por guerra na Ucrânia

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) – O Banco Central Europeu vai encerrar suas compras de ativos no terceiro trimestre, disse a autoridade monetária nesta quinta-feira, avançando com a retirada do estímulo uma vez que o aquecimento da inflação supera preocupações sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Com a inflação na zona do euro em máxima recorde mesmo antes de Moscou atacar a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as autoridades já vinham pressionando por um fim mais rápido de suas compras de títulos, abrindo caminho para uma alta dos juros neste ano.

Embora aqueles inclinados a estímulo monetário tenham argumentado que a guerra justifica uma reavaliação, a taxa de inflação recorde de 5,8% em fevereiro e a expectativa de leitura ainda mais alta em março intensificaram a pressão sobre o banco para agir em linha com seu mandato.

“A guerra entre Rússia e Ucrânia terá impacto material sobre a atividade econômica e a inflação através de preços mais altos de commodities e energia, disrupções no comércio internacional e confiança mais fraca”, alertou a presidente do BCE, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa, chamando o conflito de “divisor de águas para a Europa”.

“Os riscos para o cenário econômico aumentaram substancialmente com a invasão russa da Ucrânia”, completou ela, reconhecendo que as autoridades do BCE apresentaram visões diferentes sobre o que isso significa.

Mas Lagarde disse que a diminuição do impacto da pandemia do coronavírus sobre a economia, a melhora das condições do mercado de trabalho e a perspectiva de redução dos gargalos da cadeia de oferta mostram que a zona do euro está fundamentalmente saudável.

Na decisão desta quinta-feira, o banco confirmou planos de encerrar seu Programa de Compras de Emergência da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) de 1,85 trilhão de euros no final do mês e disse que as compras sob o Programa de Compra de Ativos (APP), de longa data, serão menores do que o planejado anteriormente.

O banco agora prevê que as compras do APP totalizarão 40 bilhões de euros em abril, 30 bilhões em maio e 20 bilhões em junho. Anteriormente, o BCE estimava as compras em 40 bilhões de euros no segundo trimestre, 30 bilhões no terceiro trimestre e 20 bilhões no quarto.

As compras no terceiro trimestre dependerão de dados, acrescentou o BCE, que ainda manteve sua taxa de depósito abaixo de zero.

O BCE disse ainda que qualquer ajuste nos juros acontecerá “algum tempo” depois de encerrar suas compras, uma mudança em relação à formulação anterior de que as compras terminariam “pouco antes” de alteração nos custos de empréstimos.

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