O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse nesta quinta-feira, 8, que o que interessa para a política monetária é a recuperação do PIB na ponta e reafirmou que o BC vê hoje uma “recuperação consistente” da economia brasileira.

Ele destacou dados de retomada da atividade, evidenciados pelo IBC-Br, e ressaltou que houve sustentação “razoável” no mês de fevereiro. Mas reconheceu que o processo é bastante desigual entre os setores: enquanto a indústria está operando acima do nível pré-pandemia, o setor de serviços está bastante debilitado.

Serra disse, porém, que a política monetária não é adequada para ajudar na diferenciação dos setores. “O instrumento é macro”, afirmou. Ele admitiu também que há incerteza sobre os resultados da atividade em março e abril de 2021.

Apesar da insegurança, o diretor ressaltou que as condições financeiras pioraram menos na nova onda de 2021 do que no ano passado.

Segundo Serra, o período de maior isolamento em março e abril tende a dificultar a recuperação do emprego informal na margem, mas ele ressaltou que o BC tem focado mais nos dados de mercado formal do Caged. Na avaliação dele, a melhora do Caged é “mias consistente com a performance atual da economia” do que a piora exibida na Pnad Contínua, pesquisa amostral do IBGE e que retrata também o mercado informal.

Serra disse ainda que a aceleração da vacinação no restante do mundo abre caminho a uma recuperação mais robusta desses países, colocando pressão e tornando o ambiente mais desafiador para emergentes. Ele citou a inflação implícita nos EUA, na máxima dos últimos anos, como uma evidência desse processo de recuperação. Porém, ele afirmou que há um consenso de que, à medida que vacinação avance, o dólar volte a se enfraquecer ante outras moedas.

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