O Banco Central divulgou nesta sexta-feira, 22, pela primeira vez, suas projeções para o estoque de crédito no Brasil em 2018. De acordo com o cenário apresentado pelo chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a expectativa para o crédito total é de avanço de 3,0% no próximo ano. Para pessoas físicas, a projeção é de alta de 7,0%, e para pessoas jurídicas, uma queda de 2,0%.

A projeção para o crédito livre em 2018 é de expansão de 4,0%, sendo alta de 7% para famílias e aumento de 1,0% para empresas. Já no caso do crédito direcionado em 2018, a projeção do BC é de avanço de 1,0%, sendo alta de 7,0% para pessoas físicas e recuo de 6,0% para pessoas jurídicas.

“Não temos ainda indicações de recuperação no mercado de crédito direcionado para empresas, cuja queda ainda está relacionada à perspectiva de concessões pelo BNDES no próximo ano”, avaliou Rocha.

Ele citou que o crédito no BNDES caiu 12,9% nos últimos 12 meses até novembro e deve continuar em queda próximo ano, mas em um ritmo menor. “Ainda assim, o que se projeta é uma recuperação gradual do mercado de crédito em 2018, puxada pelas concessões com recursos livres para pessoas físicas. A desalavancagem das famílias está mais avançada que a das empresas”, completou.

Para ele, mesmo que o crescimento projetado para o crédito total seja menor que a inflação estimada para 2018, ou seja, mesmo que não haja crescimento real, a alta nominal indicaria que a situação do mercado deve melhorar. “O setores que saem na frente já terão alta real no crédito no próximo ano”, acrescentou.

Rocha também atualizou a previsão do estoque para o ano de 2017. Faltando apenas o mês de dezembro para a consolidação dos números do ano, o BC alterou a projeção para o crédito total de 2017 de zero para baixa de 1,0%. Para famílias, a estimativa é de alta de 6,0%, enquanto para empresas a queda esperada é de 8,0%.

A estimativa na carteira de crédito livre continuou em alta de 0,5%, sendo alta de 5,0% para famílias e queda de 4,0% para empresas. Já projeção para o crédito direcionado em 2017 foi de recuo de 0,5% para queda de 3,0%, sendo um avanço de 6,0% para pessoas físicas e uma retração de 11,0% para pessoas jurídicas.

Segundo Rocha destacou, as concessões de crédito cresceram em novembro, mesmo com um dia útil a menos que o mês de outubro.

“O crescimento de concessões está concentrado no crédito livre”, afirmou. “Pode ter alguma influência da Black Friday, principalmente na expansão de 5,8% nas concessões do cartão de rédito à vista no mês passado”, acrescentou.

Rocha avaliou ainda que as taxas de juros do rotativo regular do cartão de crédito continuam em queda, movimento iniciado em março deste ano.

“As taxas do cartão não regular têm uma queda menos intensa, mas hoje são mais baixas do que as taxas do rotativo regular em março deste ano”, argumentou.

O juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito caiu 4,2 pontos porcentuais de outubro para novembro. Com isso, a taxa passou de 338,0% em outubro para 333,8% ao ano em novembro.

A taxa da modalidade rotativo regular passou de 221,1% para 218,3% ao ano de outubro para novembro. Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 413,6% para 410,4% ao ano.

“Ainda são taxas elevadas, mas já apresentam forte queda em relação a março”, completou Rocha. “Já a evolução das taxas do cartão de crédito parcelado foi de aumento, devido possivelmente a uma maior demanda nessa modalidade”, justificou.

Rocha disse que a pesquisa trimestral de crédito do BC para o primeiro trimestre de 2018 projeta perspectivas positivas em todos os segmentos em relação ao período anterior.

“O crédito habitacional deve ter uma taxa de crescimento maior que as demais modalidades e o crescimento esperado para pessoas físicas é maior que para pessoas jurídicas”, afirmou. “Se isso se confirmar, será primeiro o trimestre em que todos esses segmentos crescem ou ficam estáveis desde o primeiro trimestre de 2011”, completou.

A pesquisa aborda crédito para grandes empresas, crédito para pequenas e micro empresas, crédito às famílias para habitação e crédito às famílias para consumo. Ela trata das expectativas das instituições financeiras com relação à concessão de novos empréstimos. “Entre os indicadores de perspectiva de aprovação de crédito, todos os resultados também são positivos para o primeiro trimestre de 2018”, concluiu.