O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta quarta-feira, 28, que a autoridade monetária não tomará “medidas populistas” para forçar a queda das taxas de juros. “A Agenda BC+ é estrutural. Temos que trabalhar e teremos taxas de juros de primeiro mundo quando conseguirmos aprofundar e implementar todas essas medidas”, afirmou. “A demanda é enorme por soluções de curto prazo com medidas que não são sustentáveis, mas o que oferecemos é uma mudança sustentável dos juros”, completou.

Para Ilan, o Brasil ainda tem uma série de distorções que precisam ser corrigidas e reformas que precisam ser realizadas.

Perguntado sobre a saída de grandes bancos estrangeiros do Brasil nos últimos anos, o presidente respondeu que isso ocorreu mais devido a mudanças regulatórias no exterior do que pelas próprias condições do mercado brasileiros. “Não há nenhuma vedação ao retorno desses bancos ao País”, respondeu.

Ele avaliou ainda que o mercado caminha para uma evolução na competição do setor de cartões no País.

O presidente do BC concedeu na manhã desta quarta entrevista coletiva para apresentar os resultados dos dois anos da Agenda BC+, de ações da instituição nas áreas de cidadania financeira, melhoria da eficiência no sistema financeiro, arcabouço legal e custo de crédito.

Cadastro positivo

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Ilan elencou que as medidas da “Agenda BC+” que seguem em tramitação no Congresso Nacional. Entre elas, estão a autonomia do BC, a criação dos depósitos voluntários, a mudança de relacionamento entre o BC e o Tesouro Nacional, a mudança de relacionamento entre o BC e o Cade, o Cadastro Positivo, e a Lei de Sanções do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, o projeto que cria a Duplicata Eletrônica já foi aprovada pelo Parlamento e aguarda sanção presidencial.

“Vocês têm acompanhando a longa saga do cadastro positivo. A Câmara aguarda um quórum mais elevado para votar destaques do cadastro”, afirmou Ilan. “Esperamos que a Lei de Sanções da ONU seja votada nas próximas semanas”, completou.

Compulsórios

O presidente do Banco Central disse que pretende continuar com o processo de mudanças nos depósitos compulsórios. “São distorções criadas ao longo de décadas que estamos tentando reverter em anos. Ainda não estamos satisfeitos com as alíquotas dos compulsórios, mas já conseguimos fazer uma limpeza relevante”, completou.

Ele confirmou que o projeto de independência do Banco Central é o texto publicado na semana passada. “Apoiamos este projeto”, enfatizou. “A composição do Conselho Monetário Nacional (CMN) permanece. Se tiver que mudar por questão da estrutura de ministérios, isso é outra história”, acrescentou.

Para Ilan Goldfajn, a discussão sobre a independência do BC está com o Congresso, que deve conversar sobre o texto com o novo governo.


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