O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, avaliou nesta terça-feira, 28, que crescimento do crédito em março foi puxado pelos financiamentos para pessoas jurídicas. Ele destacou as altas nas modalidades de desconto de duplicatas e antecipação de faturas no cartão, que tiveram aumento superior aos movimentos sazonais de cada uma.

“O crescimento no saldo de capital de giro abaixo de 365 dias também foi um destaque em março. Houve maior dinamismo nessa modalidade, indicando uma maior demanda das empresas por recursos para prazos mais curtos”, detalhou.

Segundo Rocha, as modalidades de crédito livre voltadas para o comércio exterior também apresentaram crescimento em março, em função da desvalorização cambial no mês. “Houve um salto muito grande nas concessões em março nos segmentos de crédito nesses três grupos – modalidades sazonais, fluxo de caixa e exportações”, afirmou.

Fernando Rocha também destacou a redução das taxas de juros em março para famílias e empresas. Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre caiu de 34,1% ao ano em fevereiro para 33,2% ao ano em março. Em março de 2019, essa taxa estava em 38,3% ao ano.

“Além da redução nominal das taxas, também o efeito composição, com a contratação de mais operações em modalidades com juros menores, como Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC)”, detalhou.

Rocha destacou também a queda dos spreads no mês passado e da taxa de captação dos bancos no mesmo período.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, avaliou, ainda que o volume de operações de crédito para empresas em março estaria adequado para a demanda de pessoas jurídicas durante a pandemia do novo coronavírus.

“Operações parecem estar adequadas a momento atual, principalmente nas modalidades de capital de curto prazo e de comércio exterior”, afirmou, citando o crescimento dos saldos e concessões em diversas modalidades para empresas. Rocha explicou que o Departamento de Estatísticas não recebe, entretanto, os dados sobre a demanda total de crédito pelas empresas.

Segundo ele, a autoridade monetária recebe semanalmente apenas informações dos bancos sobre as operações efetivamente realizadas, com desagregação diária. “Outras áreas do BC podem solicitar informações de demanda para as instituições financeiras”, apontou.

Já no crédito para pessoas físicas, Rocha avaliou que as famílias podem estar pensando duas vezes e adiando compra de bens duráveis, como automóveis. “As pessoas também tendem a segurar os gastos com cartão de crédito. Por outro lado, há crescimento no crédito pessoal não consignado, refletindo a necessidade das pessoas”, completou.

Ele admitiu, porém, que as taxas de juros cobradas no crédito pessoal não consignado são muito maiores, de 94,7% ao ano, ante juros cerca de 20% no consignado que tem como garantia o próprio salário do trabalhador. “Mesmo com taxas significativamente mais elevadas, os bancos reduziram em parte os juros do crédito não consignado”, acrescentou. Rocha evitou responder perguntas sobre a efetividade das medidas do BC para dar liquidez ao sistema financeiro e evitar o empoçamento do crédito nos bancos.