O chefe do departamento de Supervisão Bancária do Banco Central (BC), Paulo Sérgio Neves de Souza, previu nesta sexta-feira, 17, que a autarquia passará a realizar testes de estresse mais severos nas instituições financeiras em função da perspectiva de entrada em vigor do Plano de Resolução do Sistema Bancário. A expectativa é a de que o Plano seja aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) neste ou no próximo mês.

“Será o grande documento a ser acompanhado pelo BC”, disse Souza, durante Seminário de Planejamento da Recuperação e da Resolução Bancária, realizado desde a quinta-feira, 16, na sede da instituição, em Brasília. Ele previu que, para que atinja a maturidade, todo o processo deva demorar de dois a três anos.

Para o técnico do BC, a crise financeira internacional de 2008 acabou sendo uma grande oportunidade de aprendizado para o setor bancário. Ele relatou que há muitas perguntas sobre como o BC e o Sistema Financeiro Nacional (SFN) estão passando pela crise econômica e política no País. Segundo Souza, a resposta está no fato de o próprio sistema ter aprendido com a crise. “As próprias instituições anteveem os problemas e tomam ações assim como o BC adota mais atitudes”, considerou.

Como ilustração, o chefe do departamento de supervisão bancária relatou que a situação é semelhante ao que ocorre no futebol. Ele lembrou que o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha e que o pior cenário da comissão técnica brasileira na ocasião possivelmente era o de o País não ganhar a Copa. “Nunca fizeram um cenário de estresse com a possibilidade de perder de 4 a zero”, brincou.

De acordo com ele, percebia-se claramente que não havia um “plano de recuperação” e quando o placar chegou no 4 a zero a equipe não acionou um plano de resolução porque ele não existia. O episódio, continuou, causou marca em seu filho, que sempre lembra da retumbante derrota quando assiste a uma partida de futebol. “Mas eu agora aprendi. Quando meu time começa a perder, desligo a televisão e vamos fazer outra atividade”, brincou.

De acordo com Souza, o BC tem condições de fazer teste de estresse em todo o sistema periodicamente. “Mensalmente consigo acompanhar qual é a geração líquida de caixa de todas as operações de crédito. Conseguimos mensurar num horizonte de 30 a 60 dias em quanto tempo aquela carteira vai ser monetizada para fazer frente aos passivos de determinada instituição”, relatou.

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