No momento em que se eleva a temperatura do debate pró-redução da taxa de juro de mercado, aquela destinada ao tomador final de crédito, o Banco Central (BC) antecipa do seu Relatório de Economia Bancária (REB) de 2018, a ser divulgado no dia 28, um boxe que analisa a relação entre garantias e taxas de juros das operações de crédito a pessoas físicas.

O estudo se ocupa em mostrar que a inclusão de garantias nas operações de crédito, nas suas mais diversas modalidades, dependendo da qualidade das mesmas, como liquidez, por exemplo, acaba por reduzir significativamente as taxas de juros embutidas nas operações. Por exemplo, a taxa de juros média de crédito pessoal não consignado sem garantia é 92,3 pontos porcentuais superior à da mesma modalidade com garantia.

“Observa-se que as taxas de juros de operações que tipicamente envolvem garantias (crédito imobiliário, financiamento de veículos e crédito pessoal não consignado com garantia) ou com baixo nível de risco para a instituição financeira (consignado) são, como esperado, significativamente inferiores às taxas de juros dos demais grupos de operações de crédito”, destaca o BC no boxe divulgado nesta segunda-feira, 20 no site da instituição.

Um dos gráficos constantes no boxe do REB que o BC divulgou hoje revela que as taxas de juros das operações sem garantia são, aproximadamente, o dobro das taxas referentes às operações com garantia em todos os trimestres analisados.

Ambas apresentaram trajetória descendente, em linha com a evolução da taxa básica de juros iniciada em 2016. Entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018, as taxas de juros diminuíram de 41% ao ano para 33% no caso de operações com garantia e de 82% ao ano para 68% ao ano no que se refere às operações sem garantia.

“As diferenças spread entre as taxas de juros desses dois grupos de operações também recuaram no período, de 41 pontos porcentuais para 36 pontos porcentuais”, lê-se no documento do BC.

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Ocorre que, de acordo com o estudo do BC, a parte do crédito pessoa física não consignado sem garantias tomada entre 2016 e 2018 é esmagadoramente maior que as operações em que os tomadores ofereceram em troca alguma garantia. De um total de R$ 238,7 bilhões de crédito tomado no período, R$ 196,4 bilhões foram sem garantias. Apenas R$ 42,3 bilhões foram mediante depósito de garantias.

Foram 269 operações num total de R$ 14,8 bilhões que deram como garantias aplicações financeiras, que são as garantias com menor custo para as financeiras executarem no caso de não haver pagamento do empréstimo. Operações realizadas com garantias de penhor, alienação fiduciária e hipoteca de veículos, imóveis e outros bens somaram 159 operações e perfizeram um montante de R$ 6,9 bilhões.

As operações de crédito com garantias fidejussória somaram 771 entre 2016 e o ano passado, ou somaram R$ 18,5 bilhões. As que receberam com garantias cheques, notas promissórias e outros direitos de crédito somaram 347 operações e perfizeram um montante de R$ 2,1 bilhões.

O boxe mostra ainda que “garantias de maior qualidade conferem maiores descontos nas taxas de juros, resultado que vale para todas as combinações apresentadas de prazo, valor e tipo de garantia”. Assim, uma operação de crédito pessoal não consignado com valor de até R$ 1mil para 90 dias e cujo spread bancário seria de 36,2 pontos porcentuais ao ano, se dado como garantia uma aplicação financeira o desconto é de 47%.


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