BBC deve ‘lutar’ para defender seu jornalismo, afirma ex-diretor

O ex-diretor-geral da BBC, Tim Davie, que pediu demissão no domingo devido à edição de um discurso de Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (11) que a emissora britânica deve “lutar” para defender seu jornalismo.

“Acredito que precisamos lutar pelo nosso jornalismo”, disse Tim Davie, em um discurso por videoconferência à equipe do grupo audiovisual, informou a BBC News.

O presidente dos Estados Unidos ameaçou processar a BBC em 1 bilhão de dólares (5,31 bilhões de reais) após a edição de um discurso, pela qual o grupo audiovisual se desculpou na segunda-feira, reconhecendo um “erro de julgamento”.

Os advogados de Trump deram até a noite de sexta-feira (22h GMT, 19h em Brasília) para que o grupo retire o documentário que inclui a edição e se retrate.

Nesta terça-feira, o ex-diretor-geral reconheceu que a emissora havia cometido “um erro”, com um “descumprimento” das normas editoriais da BBC, assumindo sua “parte de responsabilidade” ao renunciar.

Tim Davie e a diretora-geral da BBC News, Deborah Turness, apresentaram os pedidos de demissão no domingo, depois que o grupo foi questionado pela edição de um discurso do presidente americano de 6 de janeiro de 2021, dia do ataque ao Capitólio em Washington.

Na edição, Trump parecia incitar seus apoiadores a marcharem em direção ao Congresso para “lutar como demônios”.

No entanto, na frase original, Trump dizia: “Vamos caminhar até o Capitólio e vamos encorajar nossos valentes senadores e representantes no Congresso”.

A expressão “lutar como demônios” correspondia a outro trecho do discurso. A alteração, revelada pelo jornal conservador The Daily Telegraph, foi inserida em um documentário exibido em outubro de 2024, uma semana antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Após o anúncio da renúncia dos dois altos executivos, Trump afirmou que “jornalistas corruptos” haviam sido desmascarados. “São pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!”, declarou em sua plataforma Truth Social.

Além da BBC, emissora pública britânica, a polêmica é embaraçosa para o governo trabalhista de Keir Starmer, que regularmente se orgulha de ter estabelecido boas relações com o governo Trump.

O primeiro-ministro britânico se posicionou na segunda-feira como defensor da BBC, destacando seu “papel vital em uma era de desinformação”, mas fez um apelo para que a instituição mantenha “um alto padrão de qualidade”.

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