BBB23: Após fala polêmica de Gabriel Tavares no programa, veja expressões consideradas racistas

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Após fala polêmica de Gabriel Tavares no 'BBB23', veja expressões consideradas racistas Foto: Reprodução/Instagram

Nesta quarta-feira (18), Gabriel Tavares gerou polêmica no BBB23 ao dizer que a toalha estava no ‘criado-mudo’. Na sequência, Marvvila chamou o brother e explicou que o termo que ele falou é considerado racista.

“Gabriel, vem aqui. Você falou criado-mudo”, disse a cantora de pagode. “Por quê?”, questionou o modelo.

“A gente não usa essa expressão, ela é racista. Eu só estou te dando um toque, como amiga”, explicou Marvilla.

Após ser corrigido pela sister, Gabriel agradeceu a explicação dela.

O termo criado-mudo é considerado racista ?

O termo correto é mesa de cabeceira. Criado-mudo é um termo racista e surgiu para chamar escravos que ficavam parados ao lado da cama.” O trecho entre aspas aparece no site da Amazo quando um consumidor pesquisa aquele pequeno móvel quebra-galho, no qual você deixa seus óculos, livro, celular ou copo d’água antes de dormir.

Não há racismo na expressão “criado-mudo”. Vamos aos fatos: o nome desse objeto é uma adaptação do termo americano dumbwaiter, um pequeno elevador que transporta comida entre os andares de um imóvel, inventado no século 19 (“dumb” é um termo para “mudo”; “waiter”, “mordomo”).

O termo pode até ser de mau gosto, pois equipara pessoas a objetos. Mas não tem a ver com escravidão. A ideia de que se trata de um termo racista tem origem apócrifa e circula há alguns anos nas redes sociais.  De tanto ser repetida, começou a ganhar status de verdade, mas não é.

Após a fala polêmica de Gabriel repercutir nas redes sociais, a IstoÉ Gente lista abaixo algumas expressões consideradas racistas. Confira!

Da cor do pecado

A expressão dá a entender que a pele mais escura é mais tentadora, representa algo sedutor, mas é negativo. A frase torna a cor da pele da mulher negra algo exótico e extremamente sexual.

Doméstica

A expressão designava as escravizadas que trabalhavam dentro das casas das famílias brancas. Elas tinham a pele mais clara e traços semelhantes aos dos europeus, por isso tinham um “status superior” ao dos escravizados da lavoura. Por receberam uma educação diferenciada e aprenderem algumas lições de bons modos, eram tidas como escravas “domesticadas”.

Denegrir

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra significa “tornar negro” ou “difamar”. O dicionário ainda explica que há duas formas corretas de escrever o termo: denigrir e denegrir. Ambas as palavras tem o latim “denigrare” como origem. A expressão é ofensiva porque considera algo negro como negativo.

Fazer nas coxas

A versão da origem mais popular é a de que o termo viria do possível hábito dos escravizados moldarem telhas em suas coxas. Como eles tinham corpos de diferentes formatos, as telhas acabavam não se encaixando corretamente e, por isso, estariam mal feitas.

Mulata 

O termo é usado para se referir a pessoas negras de pele clara. A palavra faz referência à “mula”, filhote do cruzamento de égua com jumento. Ou seja, compara uma pessoa negra a um animal. A expressão se tona ainda mais pejorativa quando usada como “mulata tipo exportação”, reforçando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria.

Mercado negro, lista negra, ovelha negra

Assim como em “denegrir”, o uso do adjetivo “negro” em palavras como “mercado negro”, “lista negra” e “ovelha negra” tem peso muito negativo, tornando-o pejorativo.

Não sou tuas negas

Ao usar a expressão, você diz que “não é qualquer um com quem pode se fazer tudo”. Então quer dizer que as mulheres negras podem ser submetidas a qualquer coisa? Hoje não, mas na época da escravidão, quando surgiu a expressão, sim. As escravizadas negras eram literalmente propriedade dos homens brancos e usadas para satisfazer os desejos sexuais deles — que “preservavam” suas mulheres brancas.

Ter um pé na cozinha 

A fala é bastante usada para se referir a uma pessoa que não é exatamente branca nem negra. No século 18, a casa de famílias brancas tinham escravizadas trabalhando como cozinheiras e assistentes. Como elas eram, muitas vezes, assediadas e estupradas por seus senhores, era comum que tivessem filhos de peles mais clara. Por isso o “pezinho na cozinha”.

Trabalho de preto

De acordo com a crença popular do século 19, escravizados eram preguiçosos e burros — ou seja, não desempenhavam bons serviços. Por isso, ao dizer que algo é um “trabalho de preto”, você está dando a entender que a atividade foi tão mal concluída que só poderia ter sido feita por uma pessoa negra.

*A reportagem consultou o dicionário Michaelis, a militante e escritora Stephanie Ribeiro e o artigo “Metáforas Negras”, de Vera Menezes.