Na recente premiação do Goya, o Oscar espanhol, Sete Minutos Depois da Meia-Noite concorria em 12 categorias – ganhou nove, incluindo melhor diretor para J.A. Bayona. Juan António é um fenômeno. Dirigiu curtas e vídeos, mas, no cinema, apenas três longas – e todos receberam o ‘cabezón’ (como é chamado o Goya) de direção. O Orfanato (melhor diretor estreante), O Impossível e, agora, Sete Minutos, baseado no livro de Patrick Ness.

Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls/Un Monstruo Viene a Verme) segue em horários especiais no circuito SP Cine. Você ainda pode vê-lo no Cine Olido, no Centro de São Paulo. É ótimo. Bayona derrotou, entre outros diretores, o Pedro Almodóvar de Julieta. Faz um trabalho tão admirável quanto complexo. Harmoniza efeitos, animação e o relato em live action, o todo compondo um registro fantástico dos mais fascinantes.

O filme conta a história de um garoto que sofre bullying na escola. A mãe está morrendo – e ele tem sempre esse pesadelo em que não consegue impedir a morte dela no abismo. O jovem, Lewis MacDougall, é muito expressivo. Ele invoca o monstro, ou é o monstro que o chama, e por quê? É um filme sobre o rito de passagem. O monstro, que fala com a voz de Liam Neeson, vai ajudar o menino a superar suas fobias. Quando surge, ele conta, sempre no mesmo horário – e em noites diferentes – três histórias. Pressionado, o menino retribui, contando a quarta. No final, há uma revelação importante – sobre a origem do monstro. A infância fascina Bayona desde O Orfanato. O abismo de Sete Minutos esclarece o tsunami de O Impossível. A mãe é a chave de tudo. Bayona não é só um técnico excepcional. É um artista, e um autor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.