Bayer enfrenta nova ação que alega impacto cancerígeno de herbicida em criança

Bayer enfrenta nova ação que alega impacto cancerígeno de herbicida em criança

Uma corte de Los Angeles, nos Estados Unidos, começou nesta segunda-feira (13) a analisar uma demanda contra a Monsanto, que agora pertence à alemã Bayer, apresentada por uma mãe cujo filho desenvolveu um câncer raro e grave após exposição ao herbicida Roundup.

Ezra Clark tinha apenas 4 anos em fevereiro de 2016 quando foi diagnosticado com linfoma de Burkitt, um tipo de leucemia particularmente agressivo, que pode se propagar rapidamente para diversos órgãos.

De acordo com a ação, apresentada em nome da mãe, Destiny Clark, o menino foi “exposto diretamente”, várias vezes, ao herbicida “Roundup” – fabricado pela Monsanto – utilizado em sua propriedade. O documento, ao qual a AFP teve acesso, afirma que os especialistas “concluíram, até um ponto razoável de certeza médica, que a exposição de Ezra ao Roundup foi um fator substancial” para o desenvolvimento da doença.

Os advogados de Clark acusam a Monsanto de ter conhecimento, “há várias décadas”, do vínculo entre herbicidas baseados em glifosato, o principal ingrediente ativo do Roundup, e o câncer.

Os defensores de Destiny Clark também acusam a Monsanto de apenas ter testado o impacto cancerígeno do glifosato, e não a combinação do ingrediente com outras substâncias presentes no produto.

“Se a denunciante conhecesse os riscos associados ao uso do Roundup na época (…) ela não o teria utilizado”, afirmaram os advogados, que exigem uma indenização por danos de um valor que não foi revelado.

A Bayer, por sua vez, continua defendendo o seu produto, atestando a segurança de seu uso.

Desde que adquiriu a Monsanto em 2018, a Bayer enfrenta uma série de ações na Justiça dos Estados Unidos devido ao uso do Roundup. O número de denúncias cresceu a tal ponto que o grupo alemão anunciou que disponibilizaria um valor adicional de 4,5 bilhões de dólares (R$ 23,5 bilhões) para enfrentar as potenciais consequências de julgamentos relacionados com o glifosato na Justiça dos EUA.

Em 2020, a Bayer firmou um acordo amplo, de mais de US$ 10 bilhões (R$ 52 bilhões), para pôr fim a cerca de 125 mil demandas. Contudo, um juiz americano rechaçou em maio parte desse plano.

Segundo o magistrado, o acordo não protege suficientemente os interesses das pessoas que utilizaram o Roundup antes de fevereiro de 2021 e que ainda não teriam sido diagnosticadas com o câncer.

O Roundup é classificado como “possivelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Circ, na sigla em francês), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por outro lado, a Bayer refuta essa caracterização.