Uma base de vigilância da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi atacada a tiros pela sétima vez neste ano, na noite da última quinta-feira, 31, dentro do território indígena do Vale do Javari, em Rondônia.

A denúncia do ataque foi feita pela Coordenação da Organização Indígena Univaja, em nome povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina (Pano), Korubo e Tsohom-Djapá. Segundo a entidade, a base atingida por tiros de espingarda está localizada às margens do Rio Ituí, e é uma das quatro unidades que protegem a Terra Indígena Vale do Javari.

“Por conseguinte, protegem a integridade física, cultural e territorial dos indígenas e suas aldeias, incluindo os ‘isolados’ e 120 indígenas da etnia Korubo de recente contato”, diz a entidade.

Em nota, o grupo reforça que, desde o início deste ano, povos indígenas dessa região têm informado as autoridades competentes sobre o aumento das invasões na Terra Indígena, bem como o nível de violência demonstrado pelos invasores.

“A Funai mantém quatro Bases de Vigilância no Vale do Javari, porém elas vêm sendo praticamente abandonadas, devido à inoperância do órgão indigenista e aos sucessivos cortes orçamentários, além da atual condução da Política Indigenista, relativizada pelo Governo Jair Bolsonaro e endossada pela cúpula do órgão, muitos desses indicados para o cargo pelo agronegócio. Isso tem resultado numa atuação medíocre da Funai os últimos anos, pondo em perigo centenas de indígenas isolados e de recente contato”, diz a nota.

A Base do Ituí é a principal referência da Funai para os trabalhos de assistência aos indígenas de recente contato. É desse local que se faz o planejamento e execução das atividades das chamadas Frentes de Proteção Etnoambientais da Funai no Vale do Javari, que é a região do mundo com maior concentração de povos indígenas isolados e de recente contato.

No ataque desta quinta ninguém ficou ferido. A reportagem entrou em contato com a Funai e aguarda retorno.