A Panam Sports, entidade que organiza os Jogos Pan-Americanos, anunciou nesta quarta-feira (3) que Barranquilla não será mais a sede da competição em 2027 por não cumprir requisitos.

“A resolução foi tomada após as inúmeras violações do contrato vigente”, afirmou a Panam Sports em um comunicado, sem dar detalhes sobre as infrações.

O prefeito de Barranquilla, Alejandro Char, garantiu que o governo deveria ter repassado cerca de quatro milhões de dólares à Panam Sports antes de 31 de dezembro, mas isso não aconteceu.

“Não foi feito. (Foi) um procedimento estranho (…) não ocorreu quando eu já tinha a ordem presidencial”, disse aos jornalistas.

A organização não informou qual cidade receberá os Jogos no lugar de Barranquilla, embora especule-se que uma das interessadas seja Assunção, no Paraguai.

A realização da competição era uma incógnita, pois o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, não se mostrava convencido quanto a Barranquilla receber o evento mais importante do ciclo olímpico das Américas e inclusive sugeriu que o Pan fosse realizado em diferentes cidades e localidades do Caribe colombiano.

Nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, realizados entre outubro e novembro, Petro se ausentou da entrega das bandeiras por parte do Chile. O presidente da Panam Sports, Neven Ilic, o tinha convidado para receber “em mãos” do mandatário chileno, Gabriel Boric, o que não aconteceu.

– Intermediação do Chile –

A Panam Sports apenas explicou nesta quarta-feira que no dia 19 de outubro recebeu uma carta da Colômbia solicitando uma “prorrogação dos prazos para poder cumprir com o contrato”. No entanto, diante da resposta “nula” do país organizador, decidiu retirar definitivamente a sede.

Opositor do grupo político de direita que governa Barranquilla desde 1º de janeiro, Gustavo Petro não se pronunciou. Tampouco a ministra dos Esportes da Colômbia, Astrid Rodríguez.

O prefeito acrescentou que “a qualquer momento” Petro falará com seu homólogo Boric para interceder em nome da Colômbia, já que Ilic mora em Santiago.

“Acabei de falar com a Presidência da República e a mensagem é que estão conversando com o governo chileno para ajudar a mediar esta situação para que nós, colombianos, não percamos a esperança nestes Jogos Pan-Americanos”, disse.

– Decisão “irreversível” –

Nesta quarta-feira, congressistas da oposição pediram a Petro que apoie esporte e viabilize a organização dos Jogos Pan-Americanos, embora a Panam Sports tenha garantido que sua decisão é “irreversível”.

Trata-se de uma “suposta negligência que deixa o país numa posição muito má e que contradiz a promessa do presidente da Colômbia como potência turística e desportiva”, se queixou no X (antigo Twitter) a parlamentar centrista Cathy Juvinao, crítica do governo.

A Colômbia tem um longo histórico sobre desistir ou perder a organização de grandes eventos esportivos.

No século passado, o país desistiu de receber a Copa do Mundo de 1986 (realizada no México) para investir o dinheiro em obras públicas.

Em 2021, o então presidente de direita Iván Duque recusou sediar a Copa América, supostamente devido aos efeitos desastrosos da pandemia de covid-19 sobre a economia, com o governo alvo de protestos nas ruas.

Entre agosto e setembro de 2024, os principais estádios da Colômbia vão receber o Mundial Sub-20 de futebol feminino.

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