O presidente Jair Bolsonaro passa por novo constrangimento internacional. Ao ser escolhido essa semana pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos como Personal of the Year (Pessoa do Ano), com a justificativa de que desenvolveu esforços para aproximar os dois países, Bolsonaro, provocou a ira de americanos que não concordam com a homenagem. Por conta das suas posições polêmicas, a organização do evento está com dificuldade para arranjar um lugar que receba a festa de entrega da premiação, marcada para o dia 14 de maio. Os lugares contatados pela produção se recusam a oferecer suas instalações para a festa, sobretudo depois das críticas contundentes de americanos proeminentes. Os ataques a Bolsonaro foram puxados pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que chamou Bolsonaro de “homem perigoso”.

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O primeiro local que barrou Bolsonaro foi o Museu Nacional de História Natural em Nova York. Tradicionalmente é lá que a Câmara de Comércio realiza a cerimônia anualmente. Assim, o contrato para a realização da festa foi inicialmente acertado com a direção do museu. Quando soube, porém, que o homenageado seria o presidente brasileiro, na segunda-feira 14 a direção da instituição voltou atrás, alegando que “o museu não é o local ideal para o jantar de gala”. A decisão foi comemorada por Bill de Blasio, que havia pedido que o estabelecimento cultural não recebesse o mandatário brasileiro. Na ocasião, ele justificou: “Bolsonaro não é perigoso somente por causa de seu racismo e homofobia evidentes. Infelizmente, ele também é a pessoa com maior poder de impacto sobre o que se passará na Amazônia daqui para frente”. O Museu de História Natural é conhecido pela defesa que faz da preservação ambiental.

Cipriani também recusa

No dia seguinte à recusa, a organização do evento procurou a direção do Cipriani Hall, em Wall Street. Mas novamente bateu com a cara na porta. Prevaleceu a pressão forte do prefeito da cidade e da comunidade ambiental contra o brasileiro. A premiação é concedida há 49 anos. Todos os anos, a Câmara de Comércio escolhe uma personalidade americana e outra brasileira para homenageá-las. O jantar oferecido é compartilhado por cerca de mil convidados. O americano que receberá a homenagem esse ano é o secretário de Estado, Mike Pompeo. O constrangimento pelo qual passa o presidente é uma prova de que Bolsonaro estava certo quando disse que sua imagem não estava boa no exterior, onde é apresentado como “ditador, racista e homofóbico”. Foi por essa razão que ele resolveu trocar o embaixador brasileiro, Sérgio Amaral. Talvez a culpa não seja de Amaral.