05/04/2016 - 13:48
O diretor executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto, afirmou nesta terça-feira, 5, que não vê um afrouxamento do rigor fiscal por parte do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Questionado sobre o assunto, ele ressaltou que o ministro, desde que assumiu o comando da equipe econômica, tem falado sobre a necessidade de responsabilidade fiscal.
“Nós estamos em uma situação muito extraordinária, em que a dinâmica política predomina sobre todo resto. Mesmo assim, a julgar pelo que Barbosa tem dito desde que assumiu, essa é a direção, de responsabilidade fiscal, de pedir em troca de uma maior flexibilidade no curto prazo programas de aprofundamento da arquitetura de responsabilidade fiscal no médio e longo prazo”, comentou após participar de evento na Câmara Americana de Comércio.
Canuto lembrou ainda a insistência de Barbosa na necessidade de se discutir uma reforma da Previdência.
Lava Jato
Apesar de avaliar que a crise política tem afetado negativamente os investimentos do setor privado, o diretor executivo do FMI considera que o efeito da operação Lava Jato, da Polícia Federal, pode ser positivo no médio prazo.
Canuto avaliou que é esperada uma maior concorrência no setor privado na disputa por licitações públicas após os efeitos da Lava Jato. “Isso é uma parcela grande do PIB brasileiro e vai haver mais concorrência como resultado direto do desmonte” dos cartéis, declarou.
O diretor do FMI considerou ainda que, como efeito da Lava Jato, o gasto público também tende a ser mais eficiente, em razão do “desaparecimento do pedágio que era cobrado como contrapartida do cartel”. “Acredito que o Brasil está dando um sinal para o resto do mundo de prevalência da lei”, concluiu.