Dois homens juraram lealdade aos terroristas do Estado Islâmico (EI) antes de invadir uma missa em Saint-Etienne-du-Rouvray, cidade de 30 mil habitantes na região da Normandia, norte da França, na manhã da terça-feira 26. Armados com facas, eles mantiveram seis reféns no local e obrigaram Jacques Hamel, o padre auxiliar que celebrava a missa naquele dia, a se ajoelhar. O clérigo católico de 86 anos resistiu e acabou degolado. Os criminosos foram mortos pela polícia quando deixavam a igreja. Descrito como um homem caridoso e severo, Hamel fazia parte de um comitê inter-religioso. Em decorrência da barbárie, líderes religiosos do país pediram mais proteção nos locais de culto. O Papa Francisco recebeu a solidariedade do presidente francês, François Hollande, e classificou o ato de “violência absurda”.

VÍTIMA Jacques Hamel, 86 anos, era visto como um homem bom e severo
VÍTIMA Jacques Hamel, 86 anos, era visto como um homem bom e severo (Crédito:Cindy Aubree/AP )

Verão sangrento

O assassinato do padre ocorreu menos de duas semanas depois que um franco-tunisiano que dirigia um caminhão avançou sobre a multidão que comemorava o feriado da Queda da Bastilha em Nice, Sul da França. Mais de 80 pessoas, muitas crianças, morreram na ocasião. Em novembro, ataques em Paris mataram mais de 130. Segundo Sara Silvestri, especialista em islamismo da Universidade City, de Londres, uma das hipóteses que explicam os recentes atentados no país é que o EI tem muitos militantes franceses, talvez até em sua liderança. “É uma questão pragmática: é mais fácil para um terrorista planejar algo ao redor de alvos e símbolos de uma cultura que ele conhece bem e, assim, mobilizar ativistas”, disse à ISTOÉ. Embora os ataques do EI ao Ocidente ganhem mais repercussão, é importante lembrar que os jihadistas cometem massacres diários na Síria e no Iraque, onde a maioria das vítimas é muçulmana.