Não sou jurista nem pretendo parecer ser. Falta-me tudo para tanto. Tampouco sou ou serei do tipo Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, aguerrido defensor do fim do Supremo, ou, vá lá, de uma Casa servil a si e aos seus.

Muito menos, ainda, desejo qualificar os ministros como covardes (Lula), bandidos (Roberto Jefferson) ou merecedores de surra (Daniel Silveira). Sou um democrata liberal convicto, se necessário me definir como algo além de atleticano.

Por pior que sejam – e são! -, quero Congresso e STF abertinhos da Silva. Adoraria vê-los ocupados por homens e mulheres capazes e dignos dos cargos e suas responsabilidades. Mas, mesmo não sendo assim, prezo e rogo por suas existências.

Cerca de 2/3 da Câmara e do Senado respondem a processos judiciais. Coisas cabeludas fizeram e fazem nossos congressistas. A inspiração vem da nossa própria sociedade, que compõe essas Casas e faz questão de manter a corja por lá.

O Poder Executivo, sob o atual devoto da cloroquina, se tornou de vez um antro de Liras, Nogueiras e afins. E está prestes a reincluir Silvas, DIrceus e outras figuras proeminentes das páginas policiais da política nacional.

No Poder Judiciário, sobram amigos e compadres dos malfeitores, enquanto faltam juízes, devidamente isentos e distantes da política e das ‘capas dos processos’. As duas últimas indicações para o Supremo são provas inequívocas.

No vácuo legislativo deixado pelo Congresso, o STF, há anos, passou a legislar. E no vácuo punitivo, também deixado pela Casa do Povo, começou a fazer justiça pelas próprias mãos, e não pela Constituição Federal, conforme deveria.

Se nos tempos da cleptocracia lulopetista valia tudo, inclusive não ver e não fazer nada, após a ascensão do bolsonarismo a palavra de ordem é fazer tudo. Quero dizer: tudo que baste para combater o suposto ‘mal maior’.

O meliante de São Bernardo foi resgatado e considerado, como direi?, um mal menor. Na esteira, a justa e devida perseguição implacável aos golpistas. Porém, para não quebrar a regra e tradição, mantém-se a proteção seletiva.

Papai e filho rachadores, por exemplo, gozam de blindagem grau máximo. Fizeram, fazem e acontecem, e vida que segue. Como segue, a vida de quem já foi condenado uma, duas, três vezes, por no mínimo nove juízes, em três instâncias.

Vidas que não seguem, ou melhor, seguem com algumas poucas dificuldades, são as dos sem-votos, dos sem-popularidade. Estes, de Jefferson a Silveria, passando pelo Allan dos Panos, encontram um sustinho ou outro, aqui e ali.

Ser cabra-macho com criminosos russos é fácil. Difícil é encarcerar os nossos. Aliás, difícil mesmo é deixar de ser amigo, compadre, afilhado, afinado, subserviente, fiel, capacho, etc., de quem, vez ou outra – ou sempre! -, manda e desmanda na República.