EXPERIÊNCIA Bolsonaro quer políticos de partidos tradicionais, como Simone Tebet, no comando do Legislativo (Crédito:Edilson Rodrigues)

O presidente eleito Jair Bolsonaro já começou a acomodar suas peças no Congresso Nacional.

E seus planos jogam um bocado de água fria nas pretensões de seu partido, o PSL, que se assanhava pelo fato de ter eleito a segunda maior bancada de deputados. Bolsonaro pretende articular que os comandos da Câmara e do Senado fiquem com políticos mais experientes, dos partidos tradicionais, como forma de facilitar as composições que terá que fazer para governar. Assim, sua preferência para a presidência do Senado vai convergindo para Simone Tebet (MDB-MS). Primeiro, ela evitaria uma vitória de Renan Calheiros (MDB-AL), que apoiou Fernando Haddad, do PT, e poderia lhe criar problemas. Depois, ela tem pontos de contato com aliados de Bolsonaro, como o governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM.

Líderes

Assim, para os novos senadores eleitos pelo PSL sobrarão cargos de líderes. O filho do presidente eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), deverá ficar como líder do governo. E Major Olímpio (SP) deverá ser o líder do PSL no Senado. Hoje deputado, Major Olímpio tinha pretensão de já chegar presidindo o Senado. Bolsonaro quer que ele espere.

Reeleição

Na Câmara, por lógica semelhante, a tendência de Bolsonaro é apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando, embora já existam 15 aspirantes ao cargo querendo entrar na disputa. Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deverá ser o líder do partido. Ainda não há consenso sobre os novos líderes do governo na Câmara e no Congresso.

Glória a Deux

Daniel Marenco

Num período da campanha, o candidato à Presidência da República, Cabo Daciolo, isolou-se para um retiro espiritual numa montanha do Rio de Janeiro. Tudo estaria certo não tivesse o contribuinte pago pelas orações do Cabo. Segundo notas apresentadas por ele à Câmara dos Deputados, Daciolo pediu ressarcimento de R$ 297,03 de despesas com combustível justamente no mesmo período em que estava meditando no monte.

Rápidas

* “Se for para fazer reforma da Previdência, tem que ser para todo mundo”, disse a ISTOÉ um representante do Centrão, referindo-se a possíveis exceções para os militares. Bolsonaro não terá vida fácil com esse tema…

* Muitos dos deputados da própria base de Bolsonaro têm compromissos eleitorais com aposentados. Ou com categorias que defendem exceções, caso dos militares e das polícias. Por aí, deverá vir resistência a uma mudança mais radical.

* Para a equipe de transição que será montada, o presidente eleito Jair Bolsonaro tem direito a 50 cargos, que ocuparação o espaço reservado no Centro de Convenções. Eles serão nomeados com uma função que se extinguirá no dia 10 de janeiro.

* Há salários para esses cargos, que variam de R$ 2,5 mil a R$ 16,5 mil. O último valor é para o cargo de coordenador. Se for mesmo Onyx Lorenzoni, ele não ganhará o salário. Manterá o seu de deputado federal.

Retrato falado

“Temos que desarmar a bomba odienta da polarização” (Crédito:Valor Econômico)

Já declarando-se candidato à Presidência em 2022, Ciro Gomes assume a tarefa de disputar com o PT o comando da oposição a Jair Bolsonaro. Na sua estreia nessa tarefa, defende um novo modelo que elimine o que ficou conhecido como FlaXFlu político, a guerra que dividiu o país entre “coxinhas” e “petralhas”, especialmente nas redes sociais. Ciro promete uma oposição “que não se confunde com forças que só defendem a democracia ao sabor de seus interesses mesquinhos”.

Sem Whatsapp

Nos bastidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministros comentam que não deve ter grande futuro por lá a denúncia de que empresários uniram-se para financiar um esquema irregular de disparo de mensagens pelo Whatsapp em favor do presidente eleito Jair Bolsonaro. Segundo os ministros, deve prevalecer no TSE o entendimento de que Bolsonaro não pode vir a ser responsabilizado por ações de terceiros das quais não tomou parte, mesmo que tenha sido beneficiado por elas. Já há jurisprudência na Corte nesse sentido, e ela deve prevalecer. Afinal, um candidato não tem controle nem sobre o que acontece na própria campanha.

Provas frágeis

Os ministros avaliam que o conjunto de provas da denúncia é frágil. E não há nada que demonstre que Bolsonaro tenha diretamente participado de alguma ação ou soubesse da sua existência. Desde 2015, porém, empresários favoráveis ao presidente eleito foram multados por propaganda antecipada.

Eles avisaram

Políticos do MDB que eram contrários à candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles estão agora cobrando a fatura do aviso que deram. Nomes como Renan Calheiros (AL) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), alertavam que ter um candidato pouco competitivo à Presidência diminuía as possibilidades de alianças.

Mateus Bonomi

MDB nanico

Dito e feito, dizem os emedebistas agora. Em 2014, o MDB elegeu 66 deputados. Terá somente 34 agora, apenas a quarta maior bancada. Eram sete governadores em 2014. Somente três se elegeram agora. Para os emedebistas que eram contrários à candidatura de Henrique Meirelles, os números indicam que o partido murchou.

Com medo

Pedro Ladeira/Folhapress

O ex-procurador Geral da República Rodrigo Janot tem confidenciado a pessoas próximas que está com receio de andar nas ruas, principalmente após ter declarado voto no candidato derrotado do PT, Fernando Haddad. A auxiliares, o ex-PGR admitiu que “nem no ápice da Lava Jato” sentiu tanto temor de se expor em lugares públicos.