O Bangladesh realiza neste domingo (7) eleições marcadas pelo boicote da oposição, descrita como uma “organização terrorista” pela primeira-ministra Sheikh Hasina, que tem um quinto mandato quase garantido.

A votação é boicotada pelo Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), principal força da oposição, que denuncia “uma eleição falsa”, e por outros partidos, dizimados nos últimos meses por uma onda massiva de detenções.

Sheikh Hasina, de 76 anos, apelou aos eleitores para que fossem às urnas para mostrarem a sua confiança no processo democrático.

“O BNP é uma organização terrorista”, disse aos jornalistas neste domingo, depois de votar na capital, Daca.

Uma declaração que surge depois de os opositores de Hasina convocarem uma greve geral para o fim de semana e apelarem à população para não votar.

“Estou fazendo todo o possível para garantir que a democracia continue neste país”, disse, prometendo eleições “livres e justas”.

Juntamente com o BNP, dezenas de partidos antigovernamentais decidiram não participar nas votações deste domingo, por acreditarem que não seriam livres nem honestas. Temem também uma repetição das irregularidades das eleições anteriores, vencidas pela primeira-ministra Hasina, no cargo desde 2009.

– Baixa participação –

Os primeiros indícios sugerem uma baixa participação. O secretário da Comissão Eleitoral, Jahangir Alam, disse que a participação era de 18,5% ao meio-dia.

O líder do partido de oposição BNP, Tarique Rahman, estava preocupado com o risco de “votos falsos”, disse à AFP.

Alguns eleitores dizem que foram ameaçados com o confisco dos seus cartões de benefícios governamentais, necessários para obter benefícios sociais, caso se recusassem a votar na Liga Awami.

“Disseram que, como o governo nos alimenta, deveríamos votar a favor”, disse Lal Mia, de 64 anos, à AFP.

Anteriormente atormentado pela pobreza extrema, o Bangladesh registrou um crescimento acelerado sob a liderança de Hasina. Mas o seu governo também foi acusado de violações sistemáticas dos direitos humanos e de uma repressão implacável contra a oposição.

O seu partido, a Liga Awami, praticamente não tem adversários nos círculos eleitorais em que concorre. Mas em alguns deles não apresentou candidatos, aparentemente para evitar que o Parlamento unicameral fosse visto como instrumento de um partido único.

Na véspera das eleições, sete opositores acusados de sabotagem após um incêndio mortal em um trem foram detidos pela polícia.

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