O governo de Bangladesh começou, nesta segunda-feira (28), o translado de um segundo grupo de refugiados rohingya para uma ilha remota do golfo de Bengala, apesar da oposição de organizações de defesa dos direitos humanos.

Mais de 1.600 membros dessa minoria muçulmana que fugiram de Mianmar, onde eram perseguidos, já foram transferidos para a ilha de Bhashan Char, no início de dezembro.

O ministro bengali das Relações Exteriores, A.K. Abdul Momen, disse hoje que este segundo grupo conta com em torno de mil pessoas.

Os refugiados embarcaram em ônibus enviados aos acampamentos de Cox’s Bazar, onde vivem quase um milhão de pessoas, para serem transportados até o porto de Chittagong. O local é o ponto de partida para esta ilha isolada do mundo e vulnerável a ciclones e inundações.

“Eles vão voluntariamente. Estão com pressa de ir, porque seus parentes que já estão em Bhashan Char disseram que é um lugar excelente”, disse Momen à AFP.

Segundo o ministro, a ilha é “100 vezes melhor” do que os acampamentos, e os refugiados pedem para serem transferidos para lá.

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“Bhashan Char é um lugar muito bonito. Quem vai, adora”, completou.

Bangladesh investiu cerca de US$ 400 milhões na construção de instalações para abrigar os refugiados, além de um muro de três metros de altura ao redor das instalações.

Dois refugiados rohingya incluídos neste grupo disseram à AFP que estavam viajando de maneira voluntária.

Nur Kamal, um rohingya que vive na gigantesca zona rural de Kutupalang, explicou que estava indo para uma ilha onde já havia parentes seus: “Por que ficar (no campo) sem eles?”, questionou.

Serajul Islam, que está viajando com cinco membros de sua família, também disse que ninguém o forçou a partir.

“Diante da forma como a comunidade internacional está lidando com nosso caso, não há futuro nos campos de refugiados”, desabafou.

Cerca de 750.000 refugiados muçulmanos rohingya, uma minoria perseguida em Mianmar, fugiram da limpeza étnica no oeste deste país em 2017 promovida pelo Exército e por milícias budistas.


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