SÃO PAULO, 29 MAI (ANSA) – Com a redução da greve dos caminhoneiros por todo o Brasil, começa a ganhar relevo na mobilização os pedidos por intervenção militar, como já havia acontecido nos atos contra Dilma Rousseff em 2016.
Em bloqueios pelo país, caminhoneiros e manifestantes que ainda resistem em deixar as estradas estenderam faixas pedindo uma ação do Exército como única solução para acabar com a corrupção e derrubar o governo de Michel Temer.
Até o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, admitiu que há um grupo “muito forte de intervencionistas” infiltrado na greve. “Não é mais caminhoneiro que está fazendo greve”, disse, na última segunda-feira (28).
Nesta terça (29), o governo veio a público para rechaçar os pedidos por intervenção militar, a começar pelo próprio presidente. Participando de um fórum em São Paulo, Temer afirmou que “não há risco” de uma ação do Exército.
Já o general Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou que esse é um “assunto do século passado”. “Não vejo nenhum militar, não vejo Forças Armadas pensando nisso”, acrescentou. Na visão do governo, os protestos restantes nas estradas do Brasil têm “cunho político”.
As autoridades federais dizem que não há mais rodovias bloqueadas, apenas “pontos de concentração”. Ainda assim, o abastecimento deve demorar para ser normalizado. A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985 e deixou cerca de 400 mortos e desaparecidos, mas os números geram controvérsia até hoje. (ANSA)