Músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, da Jazz Sinfônica e da Orquestra do Theatro São Pedro serão demitidos nos próximos dias.

Com os cortes, a banda será extinta como corpo estável do governo do Estado de São Paulo. Cada um dos outros dois grupos perderá cerca de 20 músicos – no caso do São Pedro, a orquestra passará a ter apenas 32 integrantes.

As demissões foram confirmadas pelo Instituto Pensarte, organização social (OS) responsável pela gestão dos conjuntos, após corte orçamentário ordenado pela Secretaria de Estado da Cultura.

O fim da Banda Sinfônica era cogitado desde o final do ano passado, quando um aditamento no contrato de gestão com o Instituto Pensarte foi feito sem incluir verbas para o grupo, que também ficou de fora do novo edital de convocação de OSs.

A banda chegou a conseguir a aprovação de uma emenda no orçamento de R$ 5 milhões, mas o dinheiro foi contingenciado pelo governo. O Pensarte aguardava apenas a liberação de verbas para poder fazer as demissões, repassadas nesta quarta-feira, dia 1.º, pelo governo. “Estamos lutando, mas a situação é difícil”, garante o maestro Marcos Sadao Shirakawa. Segundo o governo do Estado, em nota oficial, o grupo poderá ter “suas atividades continuadas como meta condicionada” – em outras palavras, quer dizer que os músicos seriam contratados pontualmente, apenas quando houver patrocínio para um concerto.

Reduções na Jazz Sinfônica e na Orquestra do Theatro São Pedro também vinham sendo dadas como certas. “Os termos do aditamento falavam na redução de funcionários, de 273 para 140. E o novo edital traz uma verba muito menor do que a de anos anteriores”, explica Fred Kaiser, representante da comissão de músicos do teatro – a redução orçamentária nos últimos anos chega a 60%. Segundo ele, os números de demitidos foram confirmados pelo Pensarte aos artistas que, tentando reverter a decisão, criaram a campanha “Theatro São Pedro: 100 anos sem orquestra”.

“São dezenas de colegas na rua. Além disso, como pensar em uma programação com apenas 32 músicos?”, questiona Kaiser. Uma medida aventada seria o “intercâmbio” entre músicos da Jazz Sinfônica e da Orquestra do Theatro São Pedro. “As orquestras continuariam existindo no papel, mas seriam um grupo só. É um desmonte”, garante Kaiser. A diminuição de músicos deve reduzir a programação. Questionado, o Pensarte anunciou: “Podemos garantir que as temporadas serão realizadas com contingentes de músicos adequados”.

Abaixo, a nota oficial enviada pela Secretaria de Estado da Cultura:
“Como já dito anteriormente, a Banda Sinfônica poderá ter suas atividades continuadas como meta condicionada (cumprida mediante a captação de patrocínio ou ao descontingenciamento dos recursos) e mediante outras formas de contratação. A medida, necessária diante do quadro de recessão nacional, visou à preservação do orçamento destinado ao Projeto Guri, programa sociocultural que atende 53 mil crianças, em cerca de 300 municípios, com o ensino gratuito de música. A abrangência e relevância social deste programa foi levada em consideração na escolha das prioridades da Secretaria. Com relação aos outros dois corpos estáveis, possíveis ajustes, se houver, serão pautados tecnicamente pelas respectivas direções artísticas, a quem compete especificar o número de músicos necessários, uma vez que este dado não é estabelecido no contrato de gestão celebrado com a Secretaria da Cultura.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.