O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu, nesta quarta-feira (2), a Selic, sua taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, o primeiro corte em três anos, que inicia um ciclo de “flexibilização”.

Após um ano sem mudanças na taxa básica de juros, o Copom avaliou que “a melhora do quadro inflacionário” proporcionou a “confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”, informou o BCB em nota.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insistido reiteradamente, desde que assumiu em janeiro, na redução dos juros para baratear o crédito e fomentar o consumo e os investimentos.

O corte de 0,5% decidido pelo Copom foi antecipado por boa parte do mercado em um levantamento entre mais de uma centena de consultorias e instituições financeiras feito pelo jornal econômico Valor, embora a maioria previsse uma redução menor, de 0,25%.

“Enquanto grande parte do mercado esperava 0,25%, tivemos uma surpresa”, disse à AFP Vinicius Romano, analista da consultoria Suno Research.

O comitê de política monetária “avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário”, diz o comunicado.

A inflação vem perdendo força nos últimos meses: em junho, caiu para 3,16% em 12 meses, o nível mais baixo desde setembro de 2020.

O Copom prevê uma “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, mas ressaltou que a dimensão do corte “total do ciclo de flexibilização” dependerá de como vai evoluir a inflação.

Esta é a primeira vez em três anos que o Banco Central aplica um corte na Selic. A última, em agosto de 2020, foi uma redução de 0,25%, que situou a taxa básica em 2%, com o objetivo de impulsionar uma economia fortemente afetada pela pandemia de covid-19.

A taxa de juros estava em 13,75% desde agosto do ano passado, quando o Copom interrompeu o ciclo de alta iniciado em março de 2020, partindo do mínimo histórico de 2%.

Contudo, mesmo com a redução desta quarta, a taxa de juros do Brasil continua sendo a mais alta do mundo em termos reais, ou seja, descontando a inflação, segundo o site especializado MoneYou.

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