O Banco Central Europeu (BCE) elevou sua taxa diretriz, nesta quinta-feira (14), ao máximo histórico de 4% para ancorar a inflação na zona do euro, apesar da pressão por uma pausa que dê fôlego à economia europeia face ao agravamento das previsões.

Esse é o décimo aumento consecutivo desde que o BCE adotou, em julho de 2022, a política monetária mais restritiva de sua história, devido à alta dos preços em meio à invasão da Rússia na Ucrânia e a seu impacto no custo da energia.

“A inflação segue desacelerando, mas se espera que continue em um nível demasiado elevado durante um período muito longo”, informou a instituição financeira em um comunicado.

Os governadores do BCE decidiram aumentar novamente as taxas, com uma elevação de 0,25 ponto na taxa de depósitos, fixada em 4%.

Este índice é essencial para as operações bancárias na zona do euro e está, atualmente, em seu nível mais elevado desde que a moeda foi implementada em 1999.

A taxa de refinanciamento da escala principal se manteve em 4,50%, e a de facilidade de crédito marginal, em 4,75%.

Este aumento da taxa diretriz ocorre em um contexto de indicações de que existe uma deterioração da atividade nos países do euro.

O BCE reduziu suas previsões para o crescimento das economias dos países da zona do euro, estimando que o PIB cresça 0,7% em 2023, 1% em 2024 e 1,5% em 2025. Na análise feita em junho, a entidade previa que tais números chegassem a 0,9% este ano, 1,5% em 2024 e 1,6% em 2025.

No entanto, pesou mais na decisão desta quinta-feira fazer um ajuste na alta nas previsões do BCE sobre os preços para 2023 e 2024, com um aumento de 5,6% este ano, e de 3,2%, no próximo.

Para 2025, o Banco Central Europeu projeta um nível de inflação em 2,1%, o que se aproxima de seus objetivos a médio prazo, fixados em um valor perto dos 2%.

Em junho, a entidade estimou que a zona euro registraria uma inflação de 5,4% este ano, e de 3%, em 2024, com uma alta de preços de 2,2% em 2025.

– Divisão entre os governadores –

Após o anúncio da decisão, a presidente do BCE, a francesa Christine Lagarde, afirmou que as taxas atingiram um nível que contribuirá, significativamente, para a ancoragem dos preços.

Lagarde admitiu que esta prerrogativa teve uma “maioria sólida”, mas não foi unânime.

“Obviamente, alguns membros não chegaram à mesma conclusão, e alguns governadores teriam preferido uma pausa (…) mas posso dizer que uma sólida maioria concordou com esta decisão”, declarou ela.

A dirigente evitou sugerir que esta marca tenha atingido um teto e confirmou que as próximas decisões vão depender dos indicadores.

“Não podemos dizer que chegamos a um pico”, disse.

Antes da reunião, não havia um consenso entre os especialistas sobre se o BCE iria lançar um novo aumento das taxas, ou fazer uma pausa, devido aos crescentes sinais de tensões na zona do euro.

Lagarde reconheceu que as perspectivas estão piorando.

“A economia provavelmente permanecerá fraca nos próximos meses”, completou.

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