Foi mais um lance de desfaçatez e sem-vergonhice. A viagem de Bolsonaro para Londres, para acompanhar o funeral da rainha Elizabeth, teve a única finalidade de colocar o Brasil em uma posição ridícula mais uma vez. Enquanto o mundo chorava a perda da monarca, brasileiros furiosos atacavam jornalistas da BBC, emissora estatal inglesa, e faziam confusão pelas ruas da capital britânica para promover seu líder autoritário. Dessa forma, os bolsonaristas conseguiram chamar a atenção negativamente e, num momento solene, encontraram uma chance de fazer algazarra e perturbar a ordem. “Vocês estão na Inglaterra, demonstrem algum respeito, é o dia do funeral da rainha”, gritou o aposentado britânico Chris Harvey ao passar ao lado dos manifestantes brasileiros e ser hostilizado.
Com sua ida à Inglaterra Bolsonaro quis apenas gerar um fato político, um ato de campanha, fazer fumaça e parecer mais importante para seus eleitores. Como internacionalmente ninguém dá bola para ele, tratou de ganhar protagonismo na marra. Levou a tiracolo o pastor Silas Malafaia que nem mesmo sabia o que estava fazendo ali. E também fez discurso de campanha, pediu votos, criticou o STF, atacou Lula e deu um jeito de se revoltar contra os jornalistas brasileiros por causa de uma pergunta sobre os objetivos políticos de sua viagem. Ele foi criticado pela imprensa britânica pelo seu oportunismo por sua fala desrespeitosa em tom eleitoral a apoiadores antes de visitar o caixão da Elizabeth e assinar o livro de condolências.
Mais uma vez Bolsonaro faz o Brasil passar vergonha internacional, adotando um comportamento desviante em um evento protocolar com normas rígidas. Num palco internacional mostrou que é um trapalhão, que não tem educação para estar num ambiente cerimonioso e nem a dimensão de que representa a Nação brasileira. Não bastasse isso, ainda cometeu a gafe de tratar o Rei Charles III como um velho amigo e tocar no seu ombro, algo inadmissível que só pode ser feito por um sujeito sem noção. De uma maneira traiçoeira, Bolsonaro tentou capitalizar eleitoralmente a viagem para Londres. Mas, com toda confusão que arrumou, acabou se dando mal.