Os babuínos fazem sons semelhantes às vogais a, e, i, o, u, afirmaram pesquisadores nesta quarta-feira, sugerindo que alguns macacos tiveram a capacidade física para a linguagem por milhões de anos.

Os resultados, publicados na revista científica PLOS ONE, acrescentam uma nova dimensão ao longo debate sobre como a linguagem começou e evoluiu, ao mostrar que os babuínos possuem uma língua e laringe que lhes permite fazer uma série de sons parecidos com vogais.

“Esta é a primeira vez que mostramos isso em um primata não humano”, disse o coautor Joel Fagot, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.

“Isso sugere que a fala humana tem uma história evolutiva muito longa” e surgiu muito antes do homem moderno, afirmou à AFP.

Muitos cientistas acreditam que a origem da linguagem é relativamente recentemente, tendo surgido nos últimos 70.000-100.000 anos, disse uma declaração do CNRS.

Mas o estudo atual sugere que as habilidades de articulação para a fala podem remontar a 25 milhões de anos atrás, até o último ancestral comum compartilhado por seres humanos e macacos, conhecido como Cercopithecoidae.

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Alguns pesquisadores argumentaram que os primatas não humanos – juntamente com os neandertais e os bebês humanos até a idade de um ano – são incapazes de fazer sons diferenciados necessários para a linguagem porque sua laringe estava situada muito alta.

Para testar esta teoria em babuínos, os cientistas analisaram mais de 1.300 vocalizações feitas por 15 babuínos da Guiné, tanto machos quanto fêmeas, que estavam vivendo em um centro de primatas em Rousset-sur-Arc, na França.

Os pesquisadores descobriram que sons comparáveis às vogais a, e, i, o, u eram detectáveis em suas vocalizações, sejam estas chamadas de acasalamento, grunhidos, latidos ou o som de duas sílabas – “wahoo”.

Embora seja intrigante que os babuínos tenham essa capacidade, isso não significa necessariamente que eles são capazes de falar.

Os babuínos podem fazer barulhos que soam como vogais – e eles podem fazer vocalizações diferentes para várias situações -, mas eles não têm a ampla gama de significados complexos contidos na linguagem humana.

Outros pesquisadores envolvidos no estudo são da Universidade de Grenoble, da Universidade de Montpellier e da Universidade do Alabama.


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