Equipes das TVs Band Bahia e Aratu (afiliada ao SBT) foram ameaçadas e expulsas do bairro de Águas Claras, em Salvador (BA), enquanto faziam uma reportagem sobre um homicídio ocorrido no local na segunda-feira (1º).

De acordo com o relato dos profissionais, eles estavam se preparando para entrevistar a mãe da vítima do crime quando foram surpreendidos por suspeitos armados e avisados de que deveriam deixar o local.

Na sequência, os homens teriam atirado em direção às equipes. O cinegrafista da Band Jeferson Alves foi agredido com coronhadas e teve sua câmera destruída. Ele foi encaminhado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas já recebeu alta e passa bem.

Em nota ao Uol, a Polícia Militar da Bahia informou que, após serem acionados, agentes fizeram incursões e abordagens, mas os suspeitos não foram encontrados. “A instituição orienta os cidadãos que, caso testemunhem um crime ou desconfiem de atitudes suspeitas de pessoas desconhecidas, acionem a polícia pelo 190 para que uma guarnição seja imediatamente encaminhada para atendimento”, informou a corporação.

Após o caso, as emissoras, a Associação Bahiana de Imprensa e o Sindicato dos Jornalistas da Bahia emitiram notas repudiando o ocorrido.

Nota da TV Aratu

“A TV Aratu, na sua missão permanente de fazer jornalismo com imparcialidade, isenção e coragem, repudia as agressões sofridas pela equipe de reportagem do programa Cidade Aratu, na manhã de hoje (01/02). A equipe estava na rua Santa Teresa, no bairro de Águas Claras, realizando uma cobertura ao vivo no local, quando foi, ao lado de colegas da TV Bandeirantes, recebida com disparos de arma de fogo e atitudes truculentas de criminosos.

O repórter Fábio Gomes e o cinegrafista Carlinhos Silva saíram ilesos e prestaram assistência e solidariedade aos profissionais da Band, que foram agredidos fisicamente e tiveram os equipamentos quebrados. O Grupo Aratu segue trabalhando com o mesmo empenho em prol da sociedade, levando informação e prestação de serviço para os baianos.”

Nota da Band

“A Band Bahia repudia veementemente as agressões sofridas pelas equipes de reportagem do programa Brasil Urgente local e da TV Aratu na manhã de hoje (01/02). As equipes estavam na rua Santa Teresa, no bairro de Águas Claras cumprindo seu papel de bem informar, quando foram recebidas a tiros e tiveram seu equipamento danificado por bandidos. O cinegrafista Jefferson Alves foi agredido com coronhadas, foi encaminhado para uma UPA, mas passa bem”.

Nota da Rede Bahia

“A Rede Bahia repudia os acontecimentos envolvendo as equipes das TVs Band e Aratu, na manhã desta terça-feira (01), em que foram impedidas de fazer seu trabalho no bairro de Águas Claras, em Salvador.

Os profissionais das emissoras cobriam fatos relacionados à violência, quando foram abordados por criminosos que intimidaram, agrediram um cinegrafista e danificaram o equipamento de trabalho de um deles.

A Rede Bahia se solidariza com os profissionais e espera que medidas sejam tomadas para evitar que episódios como esse impeçam o livre exercício da atividade jornalística, garantido pela constituição.”

Nota da ABI

“A crescente ostentação da violência resultante das disputas entre organizações criminosas alvejou a imprensa, enquanto instituição fundante da sociedade civilizada com a qual estamos eticamente comprometidos. Os profissionais das tvs Bandeirantes e Aratu agredidos e ameaçados por marginais no bairro de Águas Claras, em Salvador, representam toda a imprensa baiana e a estes colegas e suas emissoras, prestamos a mais irrestrita solidariedade.

Somente quem não aceita as leis e regras de convivência numa sociedade civilizada e democrática, recusa e agride jornalismo. A resposta a qualquer agressão ao livre exercício da nossa atividade profissional não pode ser outra, senão, mais jornalismo.

Mantido o bom senso dos colegas das equipes de reportagem, a melhor resposta é a mais ampla e qualificada cobertura dos fatos violentos que hoje alvejaram a imprensa, mas diariamente ameaçam a todos, jornalistas ou não, dentro e fora da segurança do lar.

O imprescindível distanciamento crítico em relação à atuação de órgãos públicos responsáveis pelas políticas de segurança pública não dá margem a qualquer dúvida. O olhar da imprensa pode e deve estar atento ao cumprimento das leis pelos agentes da lei, sem que isso se confunda com qualquer antagonismo: estamos todos do mesmo lado, e do outro lado estão os que escolhem viver à margem das leis e das regras de convivência civilizada.

A ABI estará sempre ao lado de quem defende a vida”.

Nota do Sinjorba

“Quando jornalistas são atacados, a sociedade está exposta. Quando os profissionais são alvos de ataques físicos, percebemos o quanto essa sociedade está adoecida. O que aconteceu em Águas Claras, em Salvador, na manhã desta terça (01), reúne os dois traços de absurdos inaceitáveis na cidadania: intolerância e violência.

O Sinjorba e a Fenaj se solidarizam com os colegas Tony Júnior, Jeferson Alves, Fábio Gomes e Carlinhos, que trabalham para as TVs Aratu e Band, que foram atacados por bandidos ao fazerem a cobertura de um homicídio na Rua Santa Tereza, em Águas Claras. Os criminosos atiraram para o alto e também em direção aos repórteres. Além disso, ordenaram que os trabalhadores deixassem o local, quebraram um equipamento de filmagem e deram coronhadas em Jeferson.

O jornalismo, pilar de uma sociedade democrática, apesar de alvejado, não se intimidará diante dos ataques sofridos pelos colegas da Band e Aratu. Continuaremos cobrindo as pautas da editoria de Segurança, inclusive este fato específico, sobre o qual pedimos à Secretaria de Segurança Pública rigorosa apuração.

O avanço da criminalidade tem raízes numa sociedade que carrega a doença da desigualdade, que gera falta de oportunidades e deixa campo aberto para que nossos jovens sejam alistados no exército do tráfico de drogas. Por outro lado, o fato lamentável de hoje pela manhã demonstra a ausência de estado nas comunidades periféricas, deixando as populações à mercê de quadrilhas fortemente armadas, em um país onde as armas viraram produto de fácil acesso.

Ao mesmo tempo em que se exige dos governantes medidas que melhorem o ambiente econômico-social, exige-se também que as autoridades de segurança cuidem das nossas comunidades, protegendo-as. Se isso ocorrer, a atividade jornalística também estará protegida. Assim como instamos os veículos de comunicação a terem mais cuidado ao enviar equipes para coberturas em locais onde não haja condições de segurança para o exercício profissional.

Ou seja, pedimos o mínimo.”