Na terça-feira (16), uma aluna do Colégio Estadual Thales de Azevedo, em Salvador, registrou uma ocorrência alegando que a sua professora estava ensinando “conteúdo esquerdista” em sala de aula. Dentre os assuntos tratados, estariam questões de gênero, racismo, assédio, machismo e diversidade. A professora de filosofia foi intimada pela polícia para prestar esclarecimentos. As informações são de O Globo.

À Polícia Civil a aluna relatou que sofreu constrangimento em sala de aula por sua opinião política, foi hostilizada e impedida pelos colegas de classe a participar de atividades em grupo, sob o consentimento da professora.

A Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB) comunicou que a educadora ficou muito abalada depois de receber a intimação e precisou ser hospitalizada. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão a Crimes contra Criança e Adolescente (Derca).

“A APLB-Sindicato, legítima representante dos trabalhadores e trabalhadoras em Educação vem a público manifestar toda a sua solidariedade e apoio jurídico aos docentes da Escola Estadual Thales de Azevedo por tentativas de intimidação, coação e pressão psicológica por grupos de extrema direita que tentam cercear a livre expressão e tumultuar aulas e algumas atividades propostas pelos professores e professoras”, disse em nota.

Rui Oliveira, coordenador-geral da APLB, esteve na escola, na quinta-feira (18), junto de um representante jurídico para apurar a situação.

“Infelizmente são ações de grupos ligados a pessoas de extrema direita, que desrespeitam e ferem a liberdade de cátedra. Não vamos permitir que isso aconteça. Vamos dar todo o apoio para a comunidade escolar do Thales de Azevedo, principalmente à professora que foi intimada, bem como disponibilizar nossos advogados para acompanhá-la no dia da audiência. Vamos continuar denunciando toda a forma de abuso e perseguição”, afirmou.

Também por meio de nota, a equipe gestora do colégio repudiou a intimação da professora e disse que isso fere a liberdade e autonomia pedagógica.

O Globo procurou a Secretaria Estadual de Educação, mas não obteve retorno.