Avós da Praça de Maio revelam casos de grávidas mortas na ditadura

Avós da Praça de Maio revelam casos de grávidas mortas na ditadura

As Avós da Praça de Maio anunciaram nesta terça-feira o triste esclarecimento de outros dois casos em sua busca de netos vítimas da ditadura argentina (1976-1983), ao identificarem duas mulheres assassinadas grávidas.

“Lamentavelmente, pela etapa da gestação e a data em que foram assassinadas Ramona Benítez de Amarilla e Susana Elena Ossola de Urra, estamos em condições de fechar duas novas histórias: são assim 124 casos resolvidos”, disseram as Avós em um comunicado à imprensa.

A entidade humanitária contava até então com 122 casos de netos, cujas identidades foram restituídas. Quando eram bebês, foram roubados de seus pais, prisioneiros políticos que ainda estão desaparecidos. Calcula-se que tenha havido 400 filhos apropriados pelo regime ditatorial.

Os casos dos “filhos que não chegaram a nascer”, segundo as Avós, foram identificados pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) por meio da Iniciativa Latino-Americana para a Identificação de Pessoas Desaparecidas.

“Estes casos relembram a virulência dos genocidas, que crivaram mulheres ainda com seu filho no ventre”, indicou na declaração.

A organização disse que confia que “irá comunicar logo uma nova restituição com a alegria de saber que uma família e um homem ou mulher que viu corrompida a sua verdadeira história poderão conseguir este abraço tão necessário”.

Benítez de Amarilla desapareceu em 16 de maio de 1976 e Ossola de Urra foi sequestrada em 22 de maio de 1976, as duas grávidas de três meses.

“Apesar da dor deste fim terrível, é reparador saber, pelo menos, a verdade sobre o seu destino”, disseram as Avós.

Os restos mortais das mulheres foram encontrados e “recentemente o EAAF constatou a sua identidade”, acrescentou a organização.