A organização humanitária Avós da Praça de Maio, dedicada à busca de bebês roubados durante a última ditadura argentina (1976/83), apresentou nesta quarta-feira o neto recuperado número 120.

José Luis Maulín Pratto, nascido em março de 1977 e roubado por um casal ligado à Força Aérea, soube de sua verdadeira identidade em 2009, e desde então mantém uma estreita relação com seus pais biológicos, que estão vivos.

Ao contrário da grande maioria dos casos de bebês roubados, os pais de José Luis conseguiram sobreviver às graves violações dos direitos humanos durante a ditadura.

Rubén Maulín, pai de José Luis, era um militante de esquerda que foi sequestrado em sua casa em 1976, durante uma operação militar na cidade de Reconquista (Santa Fé), diante de sua esposa Luisa Pratto – que estava grávida – e de dois filhos pequenos do casal.

Segundo as Avós, “os repressores torturaram Luisa em casa, diante dos filhos, e a violentaram em diversas ocasiões”.

Quando foi dar a luz em um hospital local, no dia 26 de março de 1977, Luisa foi registrada com o nome de quem depois se apropriou do bebê, Cecilia Góngora de Segretín, segundo as Avós.

O bebê foi entregue à Cecilia e ao marido, José Segretín, que o chamaram de José Luis.

Após o parto, Luisa seguiu sendo visitada por grupos de militares, que a violentavam.

Rubén Maulín foi libertado em 1982 e logo após reencontrar Luisa denunciou o roubo do bebê à Justiça, mas não obteve resposta. O casal precisou esperar mais 27 anos para encontrar o filho.

Em 2008, José Luis, que sabia não ser filho de Cecilia, escutou uma entrevista de Luisa no rádio sobre o que havia sofrido. Em janeiro do ano seguinte, telefonou para Luisa e após testes no Banco Nacional de Dados Genéticos ficou confirmado que ele era o filho que Maulín e Pratto procuravam a 32 anos.