O mau humor generalizado em meio ao derretimento da lira turca ante o dólar não poupou os mercados acionários em Nova York, que fecharam em baixa no pregão desta sexta-feira, 10. O desempenho dos índices Dow Jones e S&P 500 determinou uma migração para o negativo no acumulado da semana. Nas bolsas nova-iorquinas, pesou não só o recrudescimento geopolítico a partir do desgaste nas relações entre os aliados militares Estados Unidos e Turquia como reportagem do Financial Times dando conta de preocupações no Banco Central Europeu (BCE) sobre a exposição de instituições financeiras da zona do euro a ativos turcos, o que repercutiu negativamente em bancos americanos.

O índice Dow Jones encerrou em baixa de 196,09 pontos (-0,77%), aos 25.313,14 pontos, com recuo semanal de 0,59%. O S&P 500 perdeu 20,30 pontos (-0,71%), aos 2.833,28 pontos, cedendo 0,25% no acumulado semanal, e o Nasdaq teve queda de 52,67 pontos (-0,67%), para os 7.839,11 pontos, mas subiu 0,35% na semana.

A visão sobre ativos turcos já era bastante negativa com o relato do FT e um discurso em que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, descartou uma elevação da taxa básica de juros para conter a inflação galopante. Foi aí que o presidente americano, Donald Trump, revelou pelo Twitter ter autorizado subordinados a dobrar as tarifas sobre a importação de aço e alumínio da Turquia, para 50% e 20%, respectivamente.

Além da perspectiva de mais um baque para o comércio global – ainda que simbólico, dada a baixa relevância da economia turca nesse âmbito -, o relato de preocupação no BCE com a exposição de bancos como BBVA, UniCredit e BNP Paribas a ativos turcos repercutiu negativamente no setor financeiro dos EUA. As ações do Morgan Stanley caíram 2,12%, as do Goldman Sachs perderam 1,78% e as do Bank of America Merril Lynch cederam 1,30%.

Apesar do clima de tensão nesta sexta-feira, alguns analistas ainda permanecem otimistas sobre as bolsas nova-iorquinas. Com balanços trimestrais de 91% das companhias listadas no S&P 500 já divulgados, o índice está a caminho de contabilizar o segundo ritmo mais rápido de expansão de lucros desde o terceiro trimestre de 2010, de acordo com o FactSet.

“Fora a guerra comercial, praticamente tudo está se alinhando positivamente”, disse o estrategista do BTIG Julian Emanuel.