O Ibovespa iniciou o pregão em queda, acompanhando o sinal negativo das bolsas internacionais e refletindo o clima cauteloso doméstico nesta sexta-feira, 14, em que ocorre paralisação parcial no País contra a reforma da Previdência. Depois de apresentado o relatório da reforma previdenciária ontem, o investidor avalia com mais afinco as mudanças do texto, que deve gerar economia fiscal de R$ 913 bilhões.

Além disso, seguirão em compasso de espera pela apresentação dos destaques da proposta na semana que vem na Comissão Especial da Câmara.

Para um analista de mercado, o saldo de ontem em relação à reforma parece não ter sido muito bom. Ele cita como exemplo, a inclusão no texto da proposta a elevação de 15% para 20% da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelos bancos. Ontem, as ações do setor reagiram em queda. Às 11h22, o Ibovespa cedia 0,39%, aos 98.384,80 pontos.

Além disso, a fonte acrescenta outra mudança incluída no texto, que é o fim de repasses obrigatórios do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “É preciso cortar despesas do Legislativo, Judiciário e do Executivo, e não tirar recursos do trabalhador”, opina.

A cautela externa, que tende a contaminar os negócios locais, deve-se a receios sobre a produção de petróleo após os ataques de ontem a navios petroleiros no Golfo de Omã. Os Estados Unidos acusam o Irã pela iniciativa. Na véspera, houve recuo forte nas cotações da commodity, que afetaram os papéis da Petrobras. Hoje, no entanto, o declínio é moderado do petróleo.

Além disso, dados mais fracos da economia chinesa deixam investidores cautelosos quanto ao ritmo de desaquecimento da atividade mundial, sobretudo no momento em que segue o impasse comercial entre Pequim e Estados Unidos. “A forte aversão a risco nos mercados globais deve afetar negativamente o doméstico”, estima o Banco Fator em análise.

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No Brasil, a preocupação com o crescimento econômico também prossegue. Hoje, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) reforçou o quadro de enfraquecimento, ao cair 0,47% em abril ante março (-0,30%). Já a média móvel trimestral do indicador, usado por economistas como tendência para a economia brasileira, cedeu 0,60% no quarto mês do ano, depois da retração de 0,52% em março e de 0,35% em fevereiro.

Conforme avalia o Bradesco em nota, o resultado do IBC-BR e de outros dados de atividade de abril revela que a transição entre o primeiro e segundo trimestre está ocorrendo em ritmo inferior ao inicialmente esperado. Neste sentido, esse desempenho coloca viés de baixa na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do banco no segundo trimestre, que atualmente está em 0,4%. “Essa dinâmica continua apontando para uma recuperação da atividade econômica bastante gradual em 2019”, avalia.

Com atividade fraca e inflação controlada, devem crescer as apostas para que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a cortar a taxa Selic, que está em 6,5%, o que pode, de certa forma, dar certo impulso para as ações do setor de consumo na Bolsa.


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