“Corto Maltese”, um dos marinheiros mais famosos do mundo dos quadrinhos, está de volta com “O dia de Tarowean”, nova aventura da dupla formada pelos espanhóis Juan Díaz Canales e Rubén Pellejero, que lançam luz sobre um período desconhecido da vida do personagem.

No álbum, o roteirista madrilenho Díaz Canales e o desenhista catalão Pellejero desenvolvem as peripécias do marinheiro pouco antes do primeiro número da saga (“A balada do mar salgado”, 1967) criada pelo italiano Hugo Pratt, falecido em 1995 e autor de doze números.

Naquele número inaugural, Corto Maltese, conhecido por seu quepe, suas costeletas e seus olhos rasgados, se apresentava ao mundo amarrado a pedaços de madeira, em pleno oceano Pacífico.

Uma cena intrigante para os seguidores desta saga, que já acumula 15 números, e que a dupla de criadores decidiu elucidar, por inspiração de Rubén Pellejero.

“Sempre tive o desejo, como muitos leitores, de saber o que havia acontecido antes”, conta à AFP Pellejero, conhecido previamente pelas aventuras do anti-herói “Dieter Lumpen”, assinada com o roteirista argentino Jorge Zentner.

Em “O dia de Tarowean”, ambientado em 1913, Corto se move de novo pelas ilhas do Pacífico Sul, onde tem que lutar com alguns dos personagens da Balada, como o Monge, Rasputin – um sinistro e ganancioso pirata – e Crânio, um oportunista chefe de tribo melanésio.

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Em um volume que às vezes recorda a trama oracular de “A vida é sonho” e faz referências ao ecologismo, Corto ajuda também um aborígene a rastrear seu passado, e tem que lidar com os avarentos rajás brancos do reino de Sarawak, na ilha de Bornéu.

O desenvolvimento desta parte da biografia de Corto, filho de um marinheiro inglês e uma cigana andaluza, supôs um desafio para seus criadores.

“‘A balada do mar salgado’ não era uma história sobre Corto Maltese, Corto era mais um personagem secundário para Hugo Pratt, e à medida que foi fazendo cada vez mais páginas, vai ganhando protagonismo e se transforma no que logo foi”, explica Díaz Canales.

“O Corto da Balada é um pouco mais canalha, mais pirata, talvez mais cínico, não tem ainda essa aura de romântico e aventureiro que depois conhecemos”, acrescenta o roteirista, que destaca a atualidade do “sentido crítico” do personagem.

“A parte cínica que tem é no sentido construtivo do termo”, pois se nega a “aceitar 100% nenhuma das ideologias que o rodeiam, que são muitas”, acrescenta.

– Terceira entrega da dupla –

“O dia de Tarowean” é o terceiro volume publicado pela dupla espanhola, desde que em 2015 a sociedade suíça que possui e administra os direitos autorais de Hugo Pratt, Cong SA, tomou a iniciativa de reviver Corto. Aquele ano se publicou “Sob o sol da meia-noite”, e em 2017 “Equatoria”.

Pellejero disse se sentir mais à vontade com o personagem – “no primeiro ainda estava em uma certa busca, neste terceiro estou muito mais relaxado”-, embora tenha contribuído com suas inovações, sobretudo na composição das vinhetas.

Com Pratt “os diálogos eram mais abundantes, e os planos mais fixos. Nós o fazemos de um modo mais dinâmico, talvez mais de acordo com os tempos atuais”, acrescenta.

O novo álbum foi lançado na Itália em 22 de outubro, será publicado na Espanha em 31 de outubro, e na França e na Bélgica em 6 de novembro. Nas próximas semanas deve ser publicado também na América Latina.


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