10/11/2017 - 18:00
Mudar as emoções e o comportamento em relação à comida e à prática de exercícios físicos é passo chave para o sucesso de qualquer programa de emagrecimento. Duro é conseguir fazer isso. Para ajudar os pacientes nesta tarefa complicada, especialistas do mundo têm recorrido ao uso da realidade virtual. A ferramenta consiste em promover a inserção do paciente em cenários que o estimulem a adotar hábitos saudáveis, a se afastar de armadilhas, a controlar a ansiedade e a modificar a percepção que possuem do corpo. O recurso ganhou a aprovação científica por sua comprovada eficiência e conquista quem quer perder peso e sabe o quanto isso pode ser difícil.
No Brasil, uma das que utiliza a tecnologia é a psicóloga Vânia Calazans, de São Paulo. No sistema criado por ela, há algumas possibilidades. Em uma delas, o paciente é exposto a imagens que fazem parte de sua rotina verdadeira e gravadas por ele próprio. Uma situação comum é chegar em casa e exagerar na comida. Com a ajuda da terapeuta, a pessoa se imagina naquele mesmo contexto, porém escapando dos vícios. Em outra, quem detesta atividade física é exposto a cenas da prática de várias modalidades e incentivado a associar a elas sensação de bem-estar. A secretária paulista Eliane da Fonseca beneficiou-se com as estratégias. Perdeu mais de dez quilos sem muito sacrifício. “Incorporei as mudanças de verdade”, conta.
EFICÁCIA DE LONGO PRAZO
Giuseppe Riva, professor da Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão, é um dos principais investigadores do recurso. Um de seus estudos mostrou a eficácia para ajudar quem emagreceu a corrigir a imagem que tem do corpo. “É comum a pessoa perder peso mas continuar achando-se gorda”, explicou à ISTOÉ. “Usamos a realidade virtual para mostrar a ela a perspectiva real de seu corpo. Os resultados a longo prazo são muito melhores do que apenas dieta e terapia.” A experiência da psicóloga Vânia com o método é igualmente positiva. “As transformações de comportamento na vida real são gradativas, mas consistentes.”
Por que a tecnologia funciona
> Auxilia o paciente a mudar o comportamento e emoções em relação à comida, aos exercícios e ao corpo
> Corrige a imagem corporal ao expor o paciente a uma perspectiva real de seu corpo
> Ajuda o indivíduo a achar formas de controlar a ansiedade que o leva a comer demais
> Também cria associações negativas com alimentos prejudiciais à saúde. Aos poucos, a pessoa para de consumi-los
No cérebro
> Há forte atividade em áreas responsáveis pelo julgamento, emoções e processamento de informações multissensoriais