PESCARA, 18 JUL (ANSA) – Com apelos das famílias das vítimas por justiça, a Itália lembrou nesta terça-feira (18) os seis meses da avalanche que destruiu o hotel Rigopiano, em Farindola, no centro do país, e matou 29 pessoas.
Situado na cordilheira dos Apeninos, o local foi soterrado por um deslizamento de neve em 18 de janeiro de 2017, provavelmente em função da série de terremotos que atinge a região central da península desde 24 de agosto do ano passado. Naquele mesmo dia, a zona onde ficava o hotel já havia registrado três sismos superiores a 5.0 na escala Richter.
As operações de busca só foram concluídas uma semana depois da avalanche e terminaram com 11 sobreviventes, incluindo quatro crianças. Nove deles permaneceram debaixo da neve e dos escombros por mais de 40 horas.
“Queremos esclarecimentos sobre a tragédia. Queremos a verdade, os culpados devem aparecer”, declarou à ANSA Gianluca Tanda, presidente do Comitê das Vítimas do Rigopiano. “É justo saber por culpa de quem nossos entes queridos morreram”, acrescentou.
Em abril passado, a Procuradoria da República em Pescara, província onde fica Farindola, denunciou seis pessoas pelo desastre, incluindo o diretor do hotel, Bruno Di Tommaso, e o prefeito Ilario Laccheta.
Eles são acusados de ter falhado na prevenção da avalanche, já que o risco de deslizamentos na região estava em nível quatro, sendo que o máximo é cinco, na hora do desastre. Por outro lado, ninguém foi indiciado pela suposta demora na ativação dos serviços de resgate.
A primeira chamada de socorro foi feita às 17h08 (horário local), mas as autoridades só acreditaram na história da avalanche às 19h – a funcionária da Província de Pescara que atendera a ligação acreditava se tratar de um trote.
A partir daí, iniciou-se uma batalha para fazer os bombeiros chegarem ao hotel, o que só ocorreu às 4h25 da madrugada seguinte. Algumas das mortes no Rigopiano foram causadas por asfixia e congelamento, e não pelo impacto da neve.
“A culpa é de quem não preveniu, de quem deixou as pessoas subirem, de quem não fechou o hotel. Região, Província, Proteção Civil, toda a cadeia institucional está envolvida”, acusou Tanda.
No momento da avalanche, os hóspedes já haviam feito check-out e estavam reunidos na recepção e nas áreas de convívio do Rigopiano, apenas aguardando o envio de um caminhão limpa-neve para ir embora. (ANSA)