A defesa dos combustíveis fósseis por parte do cartel petrolífero da Opep recebeu uma avalanche de críticas neste sábado (9) na COP28, enquanto a China afirmou que houve “progressos” nas negociações climáticas.

Os ministros tomaram as rédeas da reta final da reunião em Dubai, e o futuro do petróleo, do carvão e do gás elevou a temperatura nas salas de reuniões.

O cartel de 13 países exportadores de petróleo defende a necessidade de manter este fornecimento energético, responsável pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa, mas também motor do crescimento global desde o início do século XX.

“Não existe uma solução única ou um caminho único para alcançar um fornecimento de energia sustentável no futuro”, declarou o secretário-geral do cartel, Haitham Al Ghais, na sessão plenária da COP28.

A conferência de Dubai tem que decidir os próximos passos depois de fazer o primeiro balanço da ação climática desde o Acordo de Paris de 2015.

O Acordo de Paris de 2015 para combater a mudança climática “concentra-se na redução das emissões, em vez de escolher fontes de energia”, lembrou o responsável da Opep.

– Uma carta polêmica –

Al Ghais subiu na tribuna após ter causado uma acalorada polêmica.

No meio da semana, ele enviou uma carta aos países-membros do cartel para que defendessem com firmeza o petróleo nas negociações de Dubai.

“Na minha opinião, acho que é muito repugnante o que os países da Opep estão fazendo”, disse a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, que representa a União Europeia (UE) em Dubai, junto com a Comissão Europeia.

“Não estamos falando de eliminar amanhã os combustíveis fósseis, mas se não criarmos as condições para reduzi-los, para que consigamos sua eliminação, a transição energética não acontecerá”, insistiu a ministra.

– As fórmulas em debate –

A controvérsia gira em torno de como definir o futuro das energias consideradas responsáveis pela grande maioria dos gases de efeito estufa.

O projeto em discussão na COP28 tem várias opções, que vão basicamente desde “abandonar” (phase out) esses combustíveis fósseis até “reduzir” (phase down) o seu uso.

Também é mencionada “uma saída das energias fósseis baseada no melhor conhecimento científico possível”.

E duas outras fórmulas de “abandono” ligam-no aos mecanismos de captura de CO2 na atmosfera, para compensar as emissões, uma proposta científica que suscita polêmica.

Por fim, existe a opção de não mencionar o papel destas energias no futuro da luta climática, o que seria a posição preferida de países como a Arábia Saudita, que tem grande peso na Opep.

“Cada uma [dessas opções] isoladamente não é suficiente. Temos que combiná-las”, explicou Ribera.

“Nada põe mais em perigo a prosperidade e o futuro dos habitantes da Terra, incluindo o futuro dos cidadãos dos países da Opep, do que os combustíveis fósseis”, denunciou Tina Stege, emissária climática das Ilhas Marshall, um arquipélago no Pacífico ameaçado pelo aumento do nível das águas.

“Nem todos participam de forma construtiva e isso me preocupa”, disse a enviada especial da Alemanha para o clima, Jennifer Morgan.

– China conciliadora –

O enviado chinês, Xie Zhenhua, se mostrou mais conciliador.

“Todos queremos trabalhar juntos para encontrar uma linguagem que aponte na direção certa, que seja ao máximo inclusiva e aceitável para todo mundo”, explicou o negociador à imprensa.

“Acredito que já vimos progresso nesta questão e acho que teremos mais progresso nos próximos dias”, explicou Xie.

A COP28 acaba oficialmente na terça-feira.

A próxima edição em 2024 acontecerá no Azerbaijão, afirmou seu ministro de Ecologia, Mukhtar Babayev, depois que desbloqueou a negociação.

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