REFORMA POLÍTICA Rodrigo Maia vai insistir pela aprovação do Distritão (Crédito:Wilson Dias/Agência Brasil)

Esqueça o relatório do deputado petista Vicente Cândido. Qualquer tentativa real de votar uma reforma política não passará pelo seu texto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, negocia com líderes formais e informais a votação de um projeto sustentado em dois pontos: a implantação do Distritão e a adoção de uma suave cláusula de barreira. Em maio de 2015, o Distritão foi rejeitado pelo placar de 267 x 210. Mas agora, os aliados de Maia trabalham com o apoio do PSDB, que tem 47 votos. Há dois anos, os tucanos retiraram o apoio na última hora. No Distritão, são eleitos os mais votados de cada estado. Pelo cronograma de Maia, a Câmara aprovaria as mudanças em agosto, para que o Senado vote em setembro. Se isso ocorrer, as mudanças serão aplicadas nas eleições de 2018.

O caminho

Para aprovar o Distritão, Maia se comprometeu com o PSDB que esse modelo será uma transição para o voto distrital misto. Os deputados seriam eleitos pelo Distritão em 2018 e pelo sistema misto a partir de 2022. O Distritão sepultará as coligações nas eleições proporcionais, pois serão eleitos os mais votados independente da votação dos partidos. Esse sistema favorece os candidatos mais conhecidos.

Dindin

Os defensores do Distritão argumentam que ele resultará na redução do número de candidatos. Os partidos não precisarão ter uma enormidade de candidatos para atingir o quociente eleitoral. Com menos postulantes, será possível financiar a eleição com um Fundo Partidário de R$ 3,5 bilhões. O último pleito custou R$ 7 bilhões na contabilidade oficial.

Rápidas

* Apesar da gritaria dos que votaram com o presidente Temer, o PSDB não perderá espaço na Esplanada. O Planalto espera a poeira baixar. Os tucanos são considerados votos garantidos na reforma da Previdência.

* Os líderes governistas estão irados com o relator da MP do Refis, deputado Newton Cardoso Junior. Ele incluiu em seu relatório tantas concessões para as empresas que a receita prevista pela Fazenda, de R$ 13 bilhões, cai para cerca de R$ 1 bilhão.

* A Fazenda anuncia nesta semana nova medida de simplificação tributária. Ela vai permitir que numa única guia, as empresas façam o pagamento de oito impostos, mais as contribuições para o INSS e o FGTS. O novo sistema foi desenvolvido pelo Serpro com financiamento do Sebrae.

* O Planalto já definiu seu primeiro desafio. Retomar o patamar de apoio na Câmara que tinha até 17 de maio, antes de tornar-se público o conteúdo da delação de Joesley Batista. O governo calculava que, naquela época, tinha 330 votos.

A turma do Bolsonaro

Divulgação

Nas manifestações pelo impeachment contra a presidente Dilma, em 2015, desfilou na Avenida Paulista o movimento SOS Forças Armadas. Ele defendia o retorno dos militares ao poder como um antídoto contra a corrupção. Há meses, simpatizantes da proposta colocam faixas no Eixão Monumental de Brasília, a partir das 17 horas, quando os funcionários públicos começam a sair do trabalho. Buzinas.

Retrato falado

“Uma nova política vai nascer aí, a da responsabilidade comunitária” (Crédito:Mateus Pereira/GOVBA)

O presidente do Sebrae, Afif Domingos, esteve com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para tratar da reforma política. Filiado ao PSD, Afif apresentou a proposta para acabar com a remuneração dos vereadores nos municípios com menos de 50 mil habitantes. Nestas cidades, os vereadores se reúnem a cada 15 dias. A mudança deve representar uma redução de custos entre R$ 8 e R$ 9 bilhões ano.

O custo político

Muitos governistas estão começando a ficar preocupados com a agenda do governo. Eles já votaram a reforma trabalhista (296 votos a favor), salvaram o presidente Temer (263 votos) e enfrentam a desconfiança ampla, geral e irrestrita por conta da operação Lava Jato. E, ainda, terão de votar a reforma da Previdência. Eles reclamam que estão sangrando há um ano das eleições em que vão disputar a reeleição. Por isso, há cientistas políticos prevendo que chamará a atenção a quantidade daqueles que não vão concorrer nas eleições de 2018. Para se safar de mais desgaste, alguns começam a dizer que só votam
a reforma da Previdência se ela for radical, sem concessões.

Toma lá dá cá

 

Ricardo Trípoli (SP), líder do PSDB

O PSDB condenou o presidente Temer?
Nós não julgamos o presidente, adotamos uma posição ética. Não faz sentido não permitir que o processo continue. Caberia ao STF julgar os indícios e fazer seu julgamento. Nós apenas votamos admitindo que isso fosse feito.

Qual sua opinião sobre a atitude dos demais aliados pedindo os cargos do PSDB?
Os ministros recebem uma delegação do presidente da República. Quem nomeia e quem demite é o presidente. Ele é quem sabe o que é melhor para o governo dele. O presidente do partido, o senador Tasso Jereissati, tem sido muito claro quanto a isso. Nós não estamos atrás de cargos, nós estamos preocupados com o Brasil.

A linha adotada nessa votação afeta o posicionamento dos tucanos na reforma da Previdência?
Não. De forma alguma. Nesse tema a bancada está unida. Nós somos a favor das reformas estruturantes, como a da Previdência e a tributária. São questões que interessam ao país. Na Previdência, há itens que precisamos negociar. Quem acompanha essa discussão é o deputado Marcus Pestana.

Baixando a bola

Pelo menos três senadores do PT não vão disputar a reeleição em 2018. O escândalo da Petrobras lhes retirou qualquer condição de jogo: Gleisi Hoffmann (PR), Lindberg Farias (RJ) e Humberto Costa (PE) vão concorrer a uma vaga na Câmara. Se depender da vontade de Lula, o vereador Eduardo Suplicy (SP) também concorrerá à Câmara, embora queira voltar ao Senado.

Pedro Dias

Segurar a barra

A direção petista acredita que estes senadores seriam puxadores de voto. Eles poderiam segurar a barra, pois ela avalia que a bancada, de 58 deputados, deve ficar menor na próxima Legislatura. As candidaturas ao Senado, em estados governados pelo PT, serão mantidas, como no Ceará, onde José Guimarães, quer desbancar o senador José Pimentel.

É a crise

Adriano Machado / AG. ISTOE

A CNI quer que o BNDES abra uma linha de crédito especial para a indústria. Pesquisa feita pela entidade constatou que 47,7% das empresas não tem dinheiro para atender seus compromissos. A reivindicação será oficializada na sexta-feira, em São Paulo, pelo presidente da entidade, Robson Andrade, em reunião com 44 associações setoriais.