O auxílio emergencial, pago durante a pandemia, aliviou os problemas econômicos de grande parte da população brasileira, mas foi mais importante ainda para a sobrevida do presidente Bolsonaro. Ele e sua equipe econômica faziam, antes da eleição, campanha contra qualquer tipo de programa de distribuição de renda. No entanto, as circunstâncias foram superiores a qualquer cartilha acadêmica de economia e o assunto foi tratado com a urgência que precisava.

Deputados e senadores se mobilizaram e conseguiram aprovar o auxílio. O consenso construído sobre o tema alcançou pontos extremos da política, mas acabou. Findo 2020 o governo está com a bomba na mão. Ele vai ter que se posicionar se defende ou se é contrário a programas de distribuição como o Bolsa Família. Os conflitos entre o presidente e a equipe econômica são públicos.

Um novo programa que substituiria o Bolsa Família e o auxílio emergencial já tinha até nome: Renda Cidadã. Mas foi desautorizado pelo presidente. Obcecado pela reeleição Bolsonaro fugiu ao seu discurso, mas ampliou sua influência sobre os mais necessitados.

A questão deveria passar pelo debate econômico, mas, para variar, a discussão acontece de forma rasa e os preconceitos sobre a miséria devem dar o tom. Os importantes R$ 600 do auxílio emergencial foram fundamentais para manter uma chama acesa na economia e matar a fome dos mais pobres.

Em 2021 não há eleição, então medidas impopulares sempre são colocadas em prática. A Covid não parece diminuir o suficiente para que a economia das famílias se recupere tão cedo, por isso, apoio do governo será importante. Resta saber se há dinheiro para ajudar quem precisa.