O Palmeiras conquistou sua 12ª taça do Campeonato Brasileiro na quarta-feira, após um empate em 1 a 1 com o Cruzeiro no Mineirão, em Belo Horizonte. Apesar de o resultado não ter sido plenamente vitorioso, a partida coroou uma campanha de recuperação do alviverde na competição, que se mostrou oportuna ao aproveitar a brutal queda de rendimento do Botafogo, apontado até então como favorito ao título.

Alcançar o objetivo, no entanto, exigiu uma estratégia, de acordo com o auxiliar técnico João Martins. Em entrevista ao jornal português Tribuna Expresso, o braço direito de Abel Ferreira revelou que mencionar o favoritismo do alvinegro carioca nas coletivas era uma tentativa de jogar a pressão para desestabilizar a equipe rival na competição.

“Foi engraçado porque quando a distância abriu muito, o Abel começou a passar o discurso: ‘Vou dar-nos como fora do título, só para tentar que o Botafogo comece a sentir mais pressão de ser líder. Sempre que me perguntarem, eu vou dizer que o Botafogo é o grande candidato, que o Botafogo tem tudo para ganhar, que o Botafogo só depende dele’. Porque sabíamos bem o que nos custou, no ano passado, sermos consistentes”, disse.

O auxiliar afirmou ainda que a comissão técnica levou em conta o jejum de títulos brasileiros do Botafogo, que venceu o campeonato pela última vez em 1995. “Sabíamos que era um clube que não ganha há muitos anos. A verdade é que estava com tudo para ganhar e com grande, grande, grande distância. O Abel disse isto, se calhar, há três ou quatro meses. O mais engraçado é que os jogadores partilhavam muito isso: ‘João, vais ver que eles vão começar a escorregar, vão começar a perder pontos'”, adicionou.

Vitor Castanheira, outro auxiliar de Abel e que participou da entrevista, citou a competitividade do campeonato, o amplo favoritismo conquistado pelo Botafogo e o caminho traçado pelo alviverde para vencer a competição.

“Todas as jornadas (rodadas) estão suscetíveis de acontecerem surpresas. A verdade é que o Botafogo, com uma primeira volta onde bateu todos os recordes da era dos pontos corridos, tinha tudo muito bem encaminhado. E nós assumimos isso publicamente, mas como o campeonato é extremamente competitivo e eles entraram na fase negativa e não conseguiram sair dela… Nós, com a nossa dedicação e crença, sempre no acreditar, sabendo que era difícil, jogo a jogo fomos encurtando, encurtando, encurtando, até que nesta reta final fomos para a posição que desejávamos”, pontuou.

Em agosto, o Botafogo chegou a abrir 13 pontos de vantagem na liderança para o segundo colocado, o que o colocava com a melhor campanha do Brasileirão na era dos pontos corridos. No entanto, a derrocada sem precedentes, ocorrida em meio a trocas de treinadores e outras instabilidades internas, contribuiu para que a equipe carioca perdesse a liderança do campeonato na reta final para o Palmeiras, que conquistou o segundo título consecutivo.