A dupla formada pela francesa Kristina Mladenovic e a húngara Timea Babos, pela primeira foi retirada do Aberto dos Estados Unidos neste sábado por ordem das autoridades de saúde de Nova York, informou a Federação Norte-Americana de Tênis (USTA).

A exclusão é baseada no fato de Mladenovic ser um dos participantes do US Open que teve contato com o tenista francês Benoît Paire, que foi retirado do torneio na semana passada por apresentar resultado positivo para coronavírus.

As autoridades de saúde pública do condado de Nassau (Nova York) decretaram que “todas as pessoas identificadas como tendo contato próximo e prolongado com o jogador infectado serão colocadas em quarentena em seus quartos”, disse a USTA em um comunicado.

“Kristina Mladenovic é uma dessas pessoas e, com o início da competição de duplas femininas, a dupla Kristina Mladenovic e Timea Babos foi retirada do Aberto dos Estados Unidos”, acrescentou.

Mladenovic, que havia sido eliminada na quarta-feira do torneio de simples na segunda fase, e Babos, enfrentariam a canadense Gabriela Dabrowski e a americana Alison Riske na segunda rodada das duplas no domingo em busca do segundo título do Grand Slam de 2020, após sua vitória no Aberto da Austrália.

Mladenovic e dez outros tenistas que tiveram contato com Benoît Paire foram autorizados a competir no Aberto dos Estados Unidos se fossem submetidos a protocolos sanitários reforçados e maior restrição de movimento.

O francês Adrian Mannarino, que também estava em contato com Paire, jogou sua partida da terceira rodada contra Alexander Zverev na sexta-feira depois que a USTA recebeu sinal verde após horas de difíceis negociações.

Depois do jogo contra Zverev, que começou quase três horas atrasado sem qualquer explicação oficial, Mannarino afirmou que foram as autoridades da cidade de Nova York que permitiram que jogassem o Aberto dos Estados Unidos, mas na sexta-feira outras autoridades do estado de Nova York interferiram no caso.

“A cidade me permitiu jogar no domingo, mas o estado disse que fui exposto a um caso positivo, então eu deveria ficar de quarentena no meu quarto e não posso ir à quadra e jogar meu jogo hoje”, explicou Mannarino na sexta-feira.

Dirigentes do tênis, disse o francês, fizeram algumas ligações para tentar mudar essa decisão e conseguiram tornar a partida possível.

“Foi (uma questão) política”, disse Zverev.

A USTA limitou-se na sexta-feira a indicar que o atraso da partida foi produzido por um “diálogo colaborativo com autoridades de saúde” sobre “questões médicas” que não especificou.

A intriga se aprofundou ainda mais quando o sérvio Novak Djokovic disse mais tarde que passou grande parte da tarde conversando com seus contatos e até mesmo tentando falar com o governador de Nova York para que Mannarino não fosse retirado da competição.

– A sombra do coronavírus –

A sombra do coronavírus pairou sobre a realização do US Open desde que todas as competições esportivas americanas foram encerradas em março devido ao avanço da pandemia.

A USTA acabou mantendo o Grand Slam de pé, mas fechando os portões aos espectadores e aplicando uma série de medidas preventivas para proteger os jogadores na chamada “bolha” de Nova York, que inclui os hotéis-sede e Flushing Meadows.

No último fim de semana, Benoît Paire (número 23 do ranking da ATP) foi excluído do torneio por testar positivo para coronavírus e 11 outros tenistas foram submetidos a vigilância reforçada.

Mannarino, Mladenovic e os demais membros desse grupo – que incluía os também franceses Richard Gasquet e Edouard Roger-Vasselin – tiveram que se submeter a exames de coronavírus diariamente, em vez de a cada quatro dias como todos, e apenas eles podem deixar seus quartos para Flushing Meadows.

Mannarino disse na sexta-feira que, com os novos protocolos, terá de ficar em quarentena no seu quarto durante uma semana inteira.

O resto do grupo, disse ele, também está confinado em diferentes períodos de quarentena.

Na quarta-feira passada, depois de ser eliminada no torneio de simples, Mladenovic reclamou veementemente das condições aplicadas a eles, apesar do fato de nenhum membro do grupo ter testado positivo para covid-19.

“É um pesadelo o que estamos passando aqui. Tudo que eu quero é ser livre de novo”, disse a jogadora incapaz de conter as lágrimas.

“Se eu soubesse que jogar cartas durante 40 minutos, com máscara, com um jogador (Paire) que testou positivo, mas acabou sendo negativo, teria essas consequências, nunca teria posto os pés neste torneio”, disse a francesa.

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