O FBI alertou para possíveis enfrentamentos armados em Portland, símbolo das profundas divisões nos Estados Unidos, durante o dia das eleições, nesta terça-feira.

Esta cidade do estado do Oregon (noroeste), reduto democrata, tem sido palco de protestos contínuos contra o racismo e a violência policial desde a morte do afro-americano George Floyd.

Estes manifestantes entraram em confronto com tropas federais – que durante semanas os dispersaram ferozmente, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha – e com milícias de extrema direita, como os Proud Boys.

E esta eleição é um ambiente tão polarizado que fez soar o alarme para possíveis atos de violência, inclusive letal, nas ruas, sobretudo no centro da cidade, onde os comerciantes já protegeram seus negócios com tapumes de madeira.

“O que mais preocupa é a possibilidade de enfrentamentos armados entre grupos contrários”, que “poderiam escalar para uma situação perigosa”, disse nesta segunda-feira (2) à AFP o agente da FBI em Portland, Renn Cannon. “Se os ânimos se exaltarem, poderíamos acabar com um ato trágico e infeliz de violência”.

Cannon lembrou o assassinato de um partidário de ultradireita em agosto, morto a tiros por um ativista alinhado com o movimento esquerdista Antifa, que foi abatido pela polícia dias depois.

A governadora do Oregon, Kate Brown, emitiu uma ordem executiva nesta segunda-feira para que as forças estaduais assumam o controle da polícia de Portland, anulando uma ordem municipal que proibia o uso de gás lacrimogêneo. Também pôs em alerta a Guarda Nacional.

“Esta é uma eleição como nenhuma outra em nossas vidas”, disse Brown, que alertou para a presença de supremacistas brancos.

Embora o Oregon seja um estado que sem dúvida o democrata Joe Biden vai conquistar na corrida para a Casa Branca, Portland se tornou um centro de protestos de todas as ideologias, com militantes republicanos de zonas rurais vizinhas enfrentando ativistas em uma cidade historicamente de esquerda.

O FBI está “muito atento” a qualquer ameaça que possa “reduzir a capacidade das pessoas de exercer seus direitos da primeira emenda [liberdade de expressão] ou para exercer o direito de voto”, disse Cannon, que destacou que o escritório da agência federal em Portland, com 250 agentes, decidiu recursos adicionais para combater crimes eleitorais, como a supressão do voto, a fraude e as ameaças cibernéticas estrangeiras.