O senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência da Colômbia, foi gravemente ferido o sábado, 7, em um atentado a tiros durante um ato de campanha em Bogotá.
Vídeos mostram o político de 39 anos fazendo um discurso diante de um grupo de apoiadores quando se ouvem disparos. Em outra imagem, ele aparece deitado sobre um veículo, com o corpo ensanguentado. Segundo diferentes relatos da imprensa colombiana, Uribe Turbay teria levado pelo menos três tiros – dois deles na cabeça.
Ele foi levado para um hospital no sábado e seu estado de saúde era considerado crítico, de acordo com familiares. A esposa de Uribe Turbay, Maria Claudia Tarazona, escreveu na conta do marido no X que ele estava “lutando por sua vida”.
O Ministério Público da Colômbia confirmou que um suspeito foi preso. Trata-se de um menor de 15 anos que foi detido no local do crime com uma pistola Glock (9 milímetros). O ataque foi cometido no bairro Modelia, na zona oeste da capital colombiana.
A procuradoria informou que ativou uma estratégia com “quatro linhas de investigação” e a abertura de dois inquéritos criminais, em coordenação com a Polícia Nacional, para tentar esclarecer o caso, identificar os autores materiais e intelectuais e levá-los à justiça.
A prioridade da Procuradoria é “a coleta de informações e evidências físicas que permitam estabelecer a verdade sobre o atentado e identificar e levar à justiça tanto os autores materiais quanto os determinantes”.
A procuradora-geral colombiana, Luz Adriana Camargo Garzón, classificou o episódio como um “ataque contra as formas de participação democrática do país” e pediu às instituições apoio para “blindar o processo eleitoral” de 2026 “e dar plenas garantias às campanhas e aos candidatos ao exercício do poder político, como fortaleza da democracia”.
O ministro da Defesa da Colômbia, Pedro Sánchez Suárez, ofereceu uma recompensa de 3 bilhões de pesos (cerca de R$ 4 milhões) por informações que permitam a captura dos responsáveis pelo atentado.
Quem é Miguel Uribe Turbay
Nascido em 1986, Miguel Uribe Turbay pertence ao partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (sem parentesco). Em outubro, ele anunciou sua ambição de se eleger presidente em 2026, para suceder Petro, de quem é um forte crítico.
O senador, que foi o parlamentar mais votado nas eleições de 2022, é filho de Diana Turbay, jornalista que foi sequestrada e assassinada em 1991 por narcotraficantes a serviço de Pablo Escobar. O caso foi retratado no livro Notícia de um Sequestro (1996), do escritor colombiano Gabriel García Márquez.
Ele também neto do ex-presidente Julio César Turbay, que governou o país entre 1978 e 1982.
Condenação
O governo do presidente Gustavo Petro, de esquerda, condenou o atentado. “Esse ato de violência é um ataque não apenas à integridade do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia”, acrescentou a Presidência, em nota.
Petro também cancelou uma viagem que previa fazer na noite de sábado a Nice (França) para participar da Conferência dos Oceanos da ONU, alegando a necessidade de permanecer no país para “dar prioridade a todas as ações institucionais necessárias para garantir a segurança, esclarecer os factos e reforçar a confiança no Estado de direito”, segundo um comunicado do governo.
Já o partido de Miguel Uribe Turbay, o Centro Democrático, disse que o ataque “não apenas coloca em risco a vida de um líder político, mas também atenta contra a democracia e a liberdade na Colômbia”. Para o ex-presidente Álvaro Uribe, foi um ataque contra “uma esperança da pátria”.
Além de Álvaro Uribe, o atentado foi condenado pelos ex-presidentes colombianos Juan Manuel Santos, Iván Duque, Andrés Pastrana e Ernesto Samper, em um consenso incomum entre figuras historicamente rivais na política do país.
Em 3 de março de 1989, cinco dias antes de assumir a Presidência, Samper foi gravemente ferido em um atentado no aeroporto de Bogotá quando conversava com o político de esquerda José Antequera, que foi assassinado no local.
Por sua vez, o presidente do Chile, Gabriel Boric, manifestou através da rede social X a “condenação absoluta do ataque contra Miguel Uribe Turbai”.
Os governos do México e Peru também condenaram “energicamente” o atentado, com o primeiro destacando que “a violência política é inadmissível” numa decmocracia e o segundo manifestando “o mais firme repúdio por qualquer ato de violência que ponha em causa a vida ou prejudique a paz social e o bem-estar dos nossos povos”.
Já o presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou ter recebido a notícia “com profundo pesar”, acrescentando a condenação de “todas as formas de violência e intolerância”. “Não estão sozinhos”, acrescentou Noboa.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia e a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA) também condenaram o atentado e pediram garantias para as eleições de 2026.
“Condenamos o atentado contra o senador e pré-candidato do Centro Democrático Miguel Uribe Turbay. Exortamos as autoridades a investigar, processar e punir os responsáveis. Apelamos à garantia dos direitos políticos e ao debate político sem violência. Expressamos a nossa solidariedade para com o pré-candidato e a sua família”, afirmou o gabinete da ONU na rede social X.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também condenou neste sábado “da forma mais enérgica possível” o atentado e classificou o caso como “uma ameaça direta” à democracia do país sul-americano.