Na entrevista que deu ao jornal O Estado de S. Paulo, Yalitza Aparicio contou que foi ao casting de Roma por pura curiosidade, porque, para falar a verdade, o nome de Alfonso Cuarón, embora tenha dirigido Harry Potter e recebido o Oscar, não significava nada para ela. Ela foi com a mãe e a irmã por razões de segurança. Temia que o casting fosse uma fachada do tráfico para atrair ‘mulas’ para sua atividade criminosa.

Yalitza já ganhou e tem sido indicada para prêmios de interpretação, embora não fosse profissional. Na maior parte do tempo, atuou no escuro, sem roteiro. Sabia, no máximo, a situação e suas falas, nunca a do elenco interagindo com ela. Cuarón apostava no elemento surpresa.

O próprio diretor foi seu fotógrafo, e a imagem captada em preto e branco, por câmeras gigantescas – de 65 mm – nunca é menos que deslumbrante. A dificuldade para estacionar o carrão é metafórica. Prepara o público para a crise do próprio casamento. Tudo o que não é ‘real’, foi minuciosamente reconstituído. Roma é um assombro.