Um cidadão austríaco de extrema direita, que viajou ao Afeganistão em 2023 para provar que se trata de um país seguro e que era possível mandar refugiados de volta para lá, foi libertado neste domingo (25), após passar nove meses detido no país.

Herbert Fritz, de 84 anos, um ex-professor e militante neonazista que se apresenta como um “especialista em Afeganistão”, segundo o jornal austríaco Der Standard, chegou ao Catar após ser libertado pelas autoridades talibãs.

Ele tinha sido detido em maio, suspeito de espionagem, segundo o jornal austríaco. Fritz decidiu viajar para este país apesar das advertências do governo austríaco de evitar qualquer deslocamento para lá.

O Afeganistão é governado pelos talibãs, que adotam uma versão ultra-rigorosa do islã. Nenhum país do mundo reconhece o Executivo talibã.

“Acho que tive sorte, mas quero voltar”, disse o ex-professor ao chegar a Doha, ao ser perguntado sobre sua detenção. “Havia gente gentil, mas também idiotas, lamento”, acrescentou, ao descrever seus captores.

As autoridades austríacas agradeceram ao Catar por ter ajudado na libertação de Fritz e informaram que ele receberia atendimento médico em Doha antes de voltar para a Áustria.

Os ministérios do Interior e das Relações Exteriores dos talibãs não responderam às perguntas da AFP.

Segundo o Der Standard, uma das “afeições” de Fritz era visitar lugares “perigosos”, como o Afeganistão nos anos 1980 e o leste da Ucrânia nos últimos anos.

Tentando provar que o Afeganistão é seguro, ele viajou para lá e publicou um artigo intitulado “Férias com os talibãs” em um veículo da extrema direita.

Com esse artigo, ele pretendia legitimar a expulsão de refugiados e solicitantes de asilo afegãos ao seu país de origem, segundo o Der Standard.

De acordo com o jornal, ele foi detido pouco depois pelos talibãs.

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