Alvo de críticas de algumas equipes da F-1, lideradas por Ferrari e Red Bull, os pneus da Pirelli motivaram a realização de uma reunião antes do GP da Áustria, que tem largada às 10h10 (de Brasília) deste domingo, em Spielberg. O encontro contou com representantes dos times, da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e da própria Pirelli, mas não houve consenso para a mudança pedida pelos insatisfeitos.

Ferrari, Alfa Romeo, Haas, Red Bull e Toro Rosso votaram pela readoção dos pneus usados em 2018. Porém, Mercedes, Williams, Racing Point, McLaren e Renault se posicionaram contra e é preciso da aprovação de pelo menos sete das dez equipes do grid para uma substituição.

Antes desta votação, o ex-piloto de testes da Ferrari Luciano Burti, hoje comentarista de automobilismo da TV Globo, já havia afirmado à reportagem do Estado que essa possível modificação era improvável. “Para isso seria preciso ter um pedido da FIA, por uma questão de segurança, que não é o caso, ou 70% das equipes votando pela mudança dos pneus. E isso não deve acontecer porque a Race Point e a Williams são ligadas à Mercedes. E, junto com a McLaren, também satisfeita com os pneus, isso já significa 40% das equipes do grid”, disse.

O diretor de automobilismo da Pirelli, Mario Isola, admite aperfeiçoar os compostos após ouvir uma série de críticas das equipes, mas avisou que isso só ocorrerá em 2020. “Fizemos um produto dentro do que a F-1 pediu. Os pilotos reclamavam de superaquecimento e bolhas. Se voltarmos ao que era no ano passado, veríamos de novo esses problemas”, disse.

Burti ainda apontou que a Red Bull, outra principal concorrente da Mercedes no momento, também está sofrendo para ser competitiva pelo fato de o projeto do seu carro atual ter proporcionado uma queda de desempenho em um elemento fundamental para utilização eficiente dos novos pneus da Pirelli.

“A Red Bull, por exemplo, sempre foi um carro de muita pressão aerodinâmica, mas a velocidade de reta era péssima, o que gerou críticas na época em que tinha motores fornecidos pela Renault. E justamente pra este ano agora, eles (da Red Bull) tentaram trilhar um caminho parecido com o da Ferrari e a Red Bull tem agora um carro mais rápido de reta, mas que não tem a pressão aerodinâmica para os pneus funcionarem como deveriam. Com menos pressão aerodinâmica, o pneu não esquenta o suficiente, e isso agora não dá para mudar no meio da temporada. As equipes vacilaram nesta questão dos pneus”, apontou.

Para Burti, por sinal, apenas o retorno do uso dos pneus com as características do composto de 2018 na F-1 poderiam fazer com que as concorrentes principais da Mercedes tivessem como ameaçar o domínio da grande favorita ao título. “A única chance que elas teriam seria se ocorresse a volta dos pneus da temporada passada”, disse o ex-piloto, explicando também que “a diferença principal entre o pneu do ano passado e o deste ano é espessura da banda de rodagem, que é mais fina pra reduzir a temperatura interna do composto”.